quinta-feira, 21 de dezembro de 2023


PARA SEMPRE

Eu era um adolescente
quando você entrelaçou suas mãos com as minhas
pela primeira vez.
A ti confessei meus sonhos,
em teu seio debrucei minhas angústias
explicitei as desilusões pretéritas.
Na perda dos meus pais, de amigos, familiares
Busquei consolo em ti.
Na realidade acho que não mais nos separaremos,
pois por mais que eu dialogue com outras formas de arte,
foi em ti POESIA que fragmentei minha alma,
meu jeito de ser, pensar
e acima de tudo ESCREVER.


Poema PARA SEMPRE, do escritor Daniel Machado (Geógrafo da Alma!).

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

 

HORAS MORTAS

Fim de tarde, o sol querendo descansar, a revoada sagrada da passarada, o ensaio da noite para entrar em cena, as estrelas bailando no firmamento e a prosa solta na Venda do Seu Zezé.
estavam ali há horas e de tudo ou quase tudo já haviam falado. Do plantio que estava uma maravilha e até do caudaloso Córrego da Saracura que estava dando muito peixe e era a caixa d’água da região.
O Zé Teixeira com a viola no peito, ponteando baixinho para escutar e o Buda Borges tirado a raizeiro, falando das plantas do cerrado e também dos peixes que pegava e do tamanho, dá pra entender que ele exagerava, pois, era o vantageiro da região - como falavam na corruptela. O Mandruvachá num cantinho assuntando a prosa, pois, já havia vendido os seus queijos e estava ali para um breve descanso. Sem falar no Silvalino que contava da criação de frangos, gansos e galos índios, que ele cria com muito amor.
De repente o Silvalino:
— Óia gente. Eu vô imbora. Tá iscuriceno e a nôte tá iscura e eu moro longe.
O Buda que ouvira aquilo foi logo retrucando:
— Ta cum medo Silvalino? Dêxa de froxura home! Medo de quê?
O Silvalino já de pé:
— Das zora morta sô! Num abusa não!
E saiu sertão afora num pangaré que havia comprado do Pedrosinha e este estava velho e cansado e que o Pedrosa o vendeu à noite ao Silvalino pra não perceber os dentes do coitado do cavalo; que só tinha um.
Logo o Zé Teixeira silenciou a viola e entrou na conversa e:
— Eu num tenho medo de nada. Sô um cabra do sertão e do pé rachado e ando quarqué hora do dia ô da nôte. Medo pra mim é lixo.
O Vendeiro Seu Zezé debruçado no balcão logo entrou no assunto:
— Ocê, Texêra? Medroso e dos maióre, fala isso pa mode contá vantage.
O Mandruvachá lá no cantinho caladinho, só de ouvidos na prosa, logo diz:
— Eu num abuso. Nas zoras morta tem sombração e coisa dôto mundo em todos os lugá.
O seu Zezé que gosta de uma aposta foi logo desafiando o Zé Teixeira:
— Ô papudo! Já cocê é corajoso, vamo apostá 500 rialo? Aqui tá o meu cascaio. Bota o seu aí e porva que num tem medo.
O Zé Teixeira tirou um pacote de notas do bolso e botou em cima das notas do seu Zezé e:
— Tá aí seu rato do sertão. Vô te mostrá a minha corage. Vô trazer uma cruz do cimetéro e num vô demorá. Vamo vê essa tale de horas morta.
O Mandruvachá ouvindo aquilo despediu do pessoal e falou baixinho:
— Quero vê se esse parrudão num tem medo num tem medo das zora morta. Vô iscondê atrais duma sepurtura.
O Mandruvachá montou em na mula Trifôia, que comia três folhas de capim por dia e saiu em disparada rumo ao cemitério.
E chega o Zé Teixeira ao cemitério. Já tinha tomado umas três lambadas de cachaça e adentra no Campo Santo e vai em direção a uma cruz. Quando ele pega numa, uma voz:
— Esta é minha!
Apavorado ele vai até a outra e novamente a voz:
— Essa é minha, moço!
No desespero ele pegou uma das cruzes e saiu em disparada feito um catingueiro rumo ao boteco.
Ao chegar ao boteco ele suado e cansado de tanto correr, joga a cruz em cima do balcão e :
 Taí a Cruiz e o dono dela vem aí atrais! Tô cascano fora!
Os que estavam no boteco saíram em disparada seguindo o seu Zezé que gritava:
— Me perdoa! Meu Deus! Nunca mais eu brinco com as zoras morta!
O Mandruvachá que vinha atrás e em risadas pegou o dinheiro e sumiu sertão adentro. Dizem que o Seu Zezé voltou e ao sentir a falta do dinheiro:
 É! Dexô a cruis e levô nosso cobre. Deve sê pa mode comprá ôta cruis nova.
Segundo os moradores da corruptela, o Seu Zezé ficou muitos dias sem ver os seus ilustres fregueses.
Coisas do sertão!
Inté!


SOBRE O AUTOR

Antônio de Fátima Silva, o Mestre Tinga das Gerais, natural de Corinto-MG, poeta, ator e cantor e na estrada há 35 anos. Participou de vários festivais, sendo premiado com o conto "O Caboclo e o Barranqueiro", atuou no curta-metragem "Um outro Tiradentes" e no longa "A História das Três Marias", da cineasta Zakia Daura.

sábado, 9 de dezembro de 2023

 

DICA DE LEITURA:

VOZES ALVORADENSES é uma bela antologia, organizada pela escritora Cristina Ribeiro. Com diferentes gêneros textuais, o livro reúne treze escritores do município de Alvorada, RS. Arte, cultura popular e literatura em uma única obra!

https://www.editoraplenavoz.com.br/publicado/vozes-alvoradenses

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023


 CONTRADIÇÃO 

Desde muito conhecida esta incompatibilidade lógica,
Que atinge duas ou mais de nossas proposições,
Em qualquer área do conhecimento, inclusive a biológica,
Gera, ao mesmo tempo, duas opostas conclusões.

Produz algo que é e que não é, no mesmo sentido,
E ainda que não percebida por um leitor mais distraído
Será através da Lógica Clássica detectada
E pela Tautologia Retórica, a seguir, contraditada.

Mas, afinal, existe ou não essa tão temida contradição?
A verdade e a falsidade podem conviver na lógica de opostos jogos?
Um atributo pode, ao mesmo tempo, pertencer e não ao objeto?

A incoerência no mundo sendo a verdadeira representação
Da expressão de um único e indivisível Logos
Revela, assim, meu caro leitor, o seu enredo mais secreto!


SOBRE O AUTOR 
O escritor Jober Rocha é economista, com mestrado e doutorado pela Universidade de Madrid, Espanha. Foi premiado em vários concursos literários tanto no Brasil quanto na  Espanha e Portugal. Também é autor de diversos livros publicados em WEBTVPLAY.

 


CAPTANDO

Capto das canções de outras histórias,
sentimentos que tive 
ou que gostaria de ter.

O perfume das flores inebria-me,
mas também me detenho diante 
do fétido odor da intolerância,
da concretude da falta de amor.

Ser poeta é ser um nervo exposto,
é ser uma esponja que absorve
os dissabores, mas acima de tudo
os amores que pavimentam o mundo.


Poema CAPTANDO, do escritor Daniel Machado (Geógrafo da Alma!).

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

 
CANDEEIRO

SOBRE O AUTOR

Antônio de Fátima Silva, o Mestre Tinga das Gerais, natural de Corinto-MG, poeta, ator e cantor e na estrada há 35 anos. Participou de vários festivais, sendo premiado com o conto "O Caboclo e o Barranqueiro", atuou no curta-metragem "Um outro Tiradentes" e no longa "A História das Três Marias", da cineasta Zakia Daura.

https://www.facebook.com/tingadasgerais.silva/videos/834450210592739


    O QUE DIZER?...

Caminhando entre as ruas, fiquei imaginando o que dizer. Como lhe contar?... Com qual palavra começar?... Todas as que vieram em meu pensamento, soaram pequenas e insignificantes para tentar expressar o que eu queria lhe falar. Me disse um dia um amigo, que as palavras correm o risco de mascararem a verdade, e que às vezes não conseguem expressar o sentimento. E isto me perseguia, me martirizava, me corroia por dentro. No dia não quis aceitar, mas hoje, neste momento, tive que ser humilde e concordar plenamente com a sua teoria. Ele estava simplesmente certo, absolutamente correto.
Mas como lhe falar?... Como dizer tudo aquilo que me preenchia o peito, parecendo querer explodir a carne de meu corpo e sair abruptamente para fora. Será que me entenderia?... Será que me faria entender?... O que tinha para lhe contar e que me consumia era de tão importância, que não podia guardar só para mim. Você teria que saber um dia. E era chegada a hora. O momento era este. Tinha que lhe contar o que estava se passando comigo. Não conseguia mais dormir com esta aflição. Você tinha que saber. Após mais alguns passos, vejo que cheguei em frente a sua casa. Meu coração dispara. Como lhe falar?... Como lhe dizer?... De repente, antes mesmo de apertar a campainha, você aparece. Engasgo. Engulo seco. A frase não havia sido ainda formulada em meu cérebro. Não houve tempo suficiente. As palavras fugiram. Descontrolo-me.
Olho em seus olhos e dou-lhe um beijo demorado, ao invés simplesmente de dizer que TE AMO...


Conto O QUE DIZER?..., do escritor Carlos Melo de Andrade. 

 

PUERIL

E tão pueril fora o poeta,
Que em vão buscou nas canções
palavras que não pavimentaram sua estrada.


Poema PUERIL, do escritor Daniel Machado (Geógrafo da Alma!).

sábado, 18 de novembro de 2023

A PROCURA

Não pertenço ao seu mundo

Não trilhamos a mesma estrada

Meu futuro é um torvelinho

Que gira cada vez mais fundo

Em direção ao nada.

Procuro uma ponte

Um ponto, um caminho

Que vislumbre novo horizonte

E me direcione para sua alvorada.


Poema A PROCURA, da escritora Marisa Amorim (Itapeva - SP).   

terça-feira, 14 de novembro de 2023


O SOL DE TODAS AS MANHÃS

Tu és...
O sol de todas as manhãs
O mar reflete a tua imagem
O vento traz teu cheiro de maçã

Teus pés na areia da praia
És uma sereia
O universo se ensaia de versos
Vejo estrelas na teia

Quintais desbandeirados
O amor é o astral
Sorriso de Monalisa
A força do Sisal

Ó deusa! Que transcende o amor
Mistérios das montanhas
O alçar do Condor!


Poema O SOL DE TODAS AS MANHÃS, do escritor Mestre Tinga das Gerais (Corinto - MG). 

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

 
COMEÇA NESTA SEMANA!
20ª FEIRA DO LIVRO DE ALVORADA

sábado, 11 de novembro de 2023

RÔ E ALINE

e Aline se conheceram nos bancos escolares da EE Jaca Madura, na pequena cidade de Uru, interior de São Paulo.
Aline, que é paranaense, chegou em Uru com 7 anos e foi matriculada na 1º ano do ensino fundamental. Os pais da menina, trabalhavam num armarinho e com o falecimento do proprietário, adquiriram o imóvel que comportava a loja.
Rô é natural da cidade de Uru. Morava com os pais e irmão, numa casa própria. O pai era gerente do Banco Retangular, na cidade vizinha de Reginópolis e a mãe, fisioterapeuta em Bauru.
Alunas da mesma turma, Rô e Aline competiam pelas melhores notas e a rivalidade era estendida para fora da escola. Uma não procurava a amizade da outra, mas se respeitavam.
Rô, orientada pelos pais, quando terminou o ensino fundamental e antes de começar o médio, obteve colocação numa multinacional, em Bauru, como estagiária. Aline preferiu só estudar.
As duas garotas frequentavam as festas e os bailes, em Uru. Com a transformação do corpo, Aline e Rô tinham preferência por rapazes que estudavam na escola ou moravam na cidade.
Como viviam no mesmo ambiente, Aline evitava a aproximação de Rô, porque percebia na colega de escola que ela, trabalhando e estudando, estava mais desenvolvida e responsável pela própria vida.
Aline e Rô, às vezes, trocavam algumas palavras, mas a paranaense, se sentindo inferior, procurava se afastar, impedindo que as duas se tornassem amigas.
Saulo paquerava Aline e frequentavam as festas da cidade ou ficavam na Praça, ao lado da escola onde estudavam. Rô monitorava os passos de Ivan.
Nos bailes, Aline fazia par com Saulo, enquanto Rô dançava com quem a convidava. Quando Ivan aparecia, ela gostava de dançar com ele.
gostaria de dançar com Saulo, mas Aline não se desgrudava dele. Depois do baile, os jovens se dirigiam a Praça. Em grupos ou duplas, ficavam até tarde, colocando a conversa em dia.
Num final de semana em Uru, o baile foi substituído pela tradicional festa junina. Praticamente, a cidade inteira participava. Como Aline e Ivan ainda não tinham chegado, Rô, quando estava mirando um boneco de pelúcia, no tiro ao alvo, sentiu a presença de Saulo.
Saulo olhando a Rô atirar e vendo que ela não foi bem sucedida, disparou a sua espingarda. O dono da barraca pegou o boneco de pelúcia, caído no pano e entregou ao jovem.
, depois da decepção de não acertar o alvo pretendido, virou-se e foi em direção a barraca de pizza. Antes de fazer o pedido, ouviu a voz do Saulo:
 Duas pizzas de muçarela e dois refrigerantes, na mesa 4. Quando o garçom serviu o casal, na bandeja tinha um pequeno embrulho. Saulo falou para Rô:
 Este presente é para selar a nossa amizade.
desembrulhou o presente. Emocionada, virou-se para Saulo e agradeceu com um leve beijo nos lábios.
Depois da festa junina, Saulo e Rô foram para a Praça e ficaram até tarde da noite, aos beijos e amassos. O boneco de pelúcia foi testemunha de tamanha felicidade do casal.
Na semana seguinte, durante as aulas, Rô percebeu muita tristeza no semblante de Aline. Pensou “será que ela ficou sabendo que eu fiquei com o namorado dela?”
No intervalo das aulas, vendo que Aline estava conversando com alguns alunos, Rô se aproximou e ouviu a colega falar:
 A minha mãe foi diagnosticada como uma doença renal crônica. Como já estava em estado avançado, o médico nefrologista após avaliar os exames de sangue, de urina e de imagem, constatou que ela vai precisar de um transplante de rim.
Dona Catarina, mãe de Aline, submetida ao transplante de rim, com sucesso, agradeceu à Deus e ao doador.
 
Doze anos depois do transplante, dona Catarina foi ao batizado do primeiro neto, filho de Aline. Depois do ritual de batismo, a vovó agradeceu aos padrinhos:
e Saulo, fiquei contente quando a minha filha Aline convidou o casal para ser padrinho do meu neto.
Dona Catarina, se aproximando de madrinha, rogou:
 Devo a você, Rô, a minha felicidade. Deus te abençoe!
Saulo Jr pulou nos braços da Rô e apontando para dona Catarina, balbuciou:
 Mamãe, por que ela está chorando?


SOBRE O AUTOR

O escritor Amauri Martins reside na capital e em Bertioga, ambas em São Paulo (SP). Foi professor no magistério paulista, também diretor de escola e supervisor de ensino. Quando se aposentou, sentia falta de alguma atividade intelectual, por isso começou a rascunhar a sua biografia. Hoje, conta com dois romances publicados no Brasil e, em Portugal, os romances "Encantos & Paixões em Estoril" e "A jovem do olhar triste". Mais contos e crônicas publicados em 39 antologias

e-mail: amaurim4000@gmail.com 
cel. (11) 973135004

domingo, 5 de novembro de 2023

 
COMEÇA NESTA SEMANA!
20ª FEIRA DO LIVRO DE ALVORADA

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

 

INSTINTO


UM AMOR FEBRIL, INESPERADO,
VEIO ALEGRAR, RESPLANDECER
CONSOLIDAR O MEU VIVER ...

MAS, DESDE QUE CORTAMOS NOSSOS LAÇOS,
SOU SOMENTE UMA SOMBRA QUE VAGUEIA
PROCURANDO SEGUIR TEUS PASSOS
NO REFÚGIO DO PENSAMENTO ...
SOU UM VENTO QUE NORTEIA
RUMO AO LIMITE DOS TEUS BRAÇOS,
QUANDO A ÚLTIMA ESPERANÇA INCENDEIA
E RECRUDESCE O SOFRIMENTO !

HOJE, RESSURGE NA MEMÓRIA,
CARREGADAS DE EMOÇÃO E NOSTALGIA,
AS BELAS PÁGINAS DA HISTÓRIA
CONTIDAS EM NOSSO ÍNTIMO ...

QUE OS VERSOS E FANTASIAS
POSSAM ALCANÇAR A MESMA GLÓRIA
DESTA EXALTADA, MARAVILHOSA IDOLATRIA,
QUE SEJA AMOR, NÃO SÓ INSTINTO !


                                Poema INSTINTO, da escritora Rosana Machado.

Por que será
Que em nossos caminhos
Aparecem pessoas
Que jamais gostaríamos de cruzar?

Noutras vezes amamos
Gente que nem sabe
O que significa amor
Outras nem sabem que a amamos...

Sempre restará uma lição
Um aprendizado – amores
São brisas que o tempo sopra
Em nossas vidas –
Querendo amar

Há sempre alguém
Há sempre alguém
Querendo ser amado...

E nós seguimos nosso caminho
Como animais que mudam de lugar
A cada estação – são as estações do amor –
Que nos mostram os caminhos a seguir...


Poema CAMINHOS, do escritor Mário Feijó. 

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

 

LAVADEIRAS NO COLO DAS ÁGUAS

O sol escancarado da manhã revelava a labuta das intrépidas guerreiras dos córregos e rios que cortam das gerais. A bacia no canto da palhoça é o retrato da espera, onde, a trouxa amarrada e em silêncio, contemplava o sabão caseiro que a Dona Benedita ao redor do fogão à lenha, fizera para deixar a roupa do Raimundo do Bento impecável. Pois, este era vaidoso e sua calça de Casimira, branca, contrastava com a camisa azul, cor esta em homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes, a Iemanjá, sua protetora.
Dona Benedita esboçou um canto e aquilo até parecia um código, pois, aos poucos as amigas chegavam e cada uma com sua bacia à cabeça, sintonizavam ao canto, formando ali um coral. Nos embornais, a farofa, o café e os biscoitos, sabiam dos seus destinos que era o Rio das Velhas e o bucho não espera, pois, a fome chegaria num piscar de olhos e as roupas quando nas pedras para quarar, a sombra fresca do frondoso Jequitibá, seria a mesa para o sagrado alimento.
Dona Benedita inicia o seu canto, que é seguido pelas amigas, enquanto a passarada em seus ninhos ou mesmos em revoada, se embriagava daquele cenário magistral.
Ao chegarem ao rio a Benedita: 
Óia que maravia! Ás água tá ino numa aligria aos braço de Odoyá.
Em silêncio as amigas concordavam e seus olhos brilhavam feito as estrelas.
A Maria do Teté esfregava e o seu suor misturado ao sabão, servia de alvejante daquelas simples peças de roupas da família. A Dona Carmelita batia a roupa na pedra e o eco adentrava no sertão e as corredeiras cintilantes absorviam a espuma que iam por entre as pedras e folhas secas de um outono, que o serelepe vento despejara nas águas. Ao torcer as suas roupas a Dona Conceição, com um tido sorriso na face, deixa o olhar dizer que o seu filho Joaquim vai ficar todo charmoso, ao lado das belas moças do vilarejo.
Roupa quarando e a matula sobre um pano e o café ostentando seu cheiro, ali a oração para poder degustar aquela merenda feita com amor.
É hora de tirar as roupas do quarador e as pedras aos pouco vão ficando nuas e o enxaguar é preciso, pois, o sol ainda esperava para entrar em cena e protagonizar a secagem.
Enquanto as roupa secavam, a Dona Benedita catava umas raízes de Canela de Perdiz, santo remédio caseiro, a Conceição à sombra...proseava com a  Dona Carmelita sobre a Festa de São José, o Santo fazedor de chuva da qual era festeira. E Dona Benedita:
                                                        “Êh! Tá hora
                                                         Tá na hora de vortá
                                                         Nossa rôpa tá lavada
                                                         E nóis tem que regressá
                                                         Vamo pegá as bacia
                                                         E sertão adentro caminhá”
E aquilo era um hino sertão afora por entre almas e a fé daquelas lavadeiras do colo das águas. Águas da Iara à Iemanjá.
Ao longe as palhoças e suas chaminés e a fumaça celebrando a volta das intrépidas lavadeiras.
Inté!
 
 
     
SOBRE O AUTOR

Antônio de Fátima Silva, o Mestre Tinga das Gerais, natural de Corinto-MG, poeta, ator e cantor e na estrada há 35 anos. Participou de vários festivais, sendo premiado com o conto "O Caboclo e o Barranqueiro", atuou no curta-metragem "Um outro Tiradentes" e no longa "A História das Três Marias", da cineasta Zakia Daura.

 

CATARSE

E na catarse dos meus sonhos,
uma miríade de emoções
desencadeou em mim poesia.

Poema CATARSE, do escritor Daniel Machado (Geógrafo da Alma!).

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

 

Poetas...


Todo poeta é um louco
(aos olhos dos outros)
Todo poeta é um artista
Um malabarista...

Que joga o verso p’ra cima
E recolhe os pedaços
Transforma em ouro as palavras
Coração de alquimista.

Todo poeta é um soldado
Sonhando com a liberdade
Na sua guerra solitária
Em busca da verdade...

Que chora as dores do mundo


SOBRE O AUTOR:
Ivonir Gonçalves Leher, nasceu em São Gabriel - Rio Grande do Sul, em 04 de outubro de 1974. Filho de pequenos agricultores, viveu parte da infância na localidade de Costa do Salso, atual município de Santa Margarida do Sul. É casado e pai de dois filhos. É membro do Movimento Poetas Del Mundo.

 

ROSA GRACIOSA

Um botão de Rosa se abriu !
Espichou as raízes abaixo da névoa de poeira;
Ora ela se banha da chuva,
Ora se abona e se privilegia
Dos afrescos do arrebol...
.Entre as Margaridas, Begônias, folhagens trepadeiras
Avista-se uma graciosa flôr
Inspirada por Deus e pelas Ninfas herdeiras,
Preservada com terra, carinho, água
 e sol !.


Poema ROSA GRACIOSA, da escritora Rosana Machado.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

domingo, 22 de outubro de 2023

Pra vc, meu amor.


Não sou um sol completo
Sou raio de luz, fragmento
Ilumino nosso afeto
Aqueço um sentimento
.
Não sou mulher charmosa
Que passe e chame atenção
Entretanto sou fiel e carinhosa
Como uma rosa desabrocho o coração
.
Dizer que te amo já não basta
Carece um ato, um gesto terno
Porque palavras o tempo gasta
Mas o beijo de quem se gosta é eterno
.

Poema PRA VC, MEU AMOR., da escritora Ana Farias. 

 

VIVER É UM ESPETÁCULO DIÁRIO


Quando entraste em minha vida

Eu não te prometi o paraíso

Mas deixei muito claro

Que minha vida era um circo...


Não que eu seja palhaço

Nem tampouco um animal enjaulado

Mas te avisei que todos os dias

Seriam dias de espetáculo...


Vivo de sonhos e fantasias

E penso que a vida só tem graça

Se vivermos todos os dias

Como na estreia de uma nova temporada...


Aos poucos me desnudo

Ando no trapézio

Visto todas as fantasias

Quando não posso as lágrimas caem

Sou novamente o palhaço que negava

Porque o espetáculo tem que continuar...



Poema VIVER É UM ESPETÁCULO DIÁRIO, do escritor Mário Feijó.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

O Mínimo de Nós, Amor Incondicional...


E com sutileza

Você vasculhou a aljava

Com classe

Retirou uma seta

Que como uma aldrava

Tocou em meu coração


Coração porta aberta

E nele deixaste tua essência

O mínimo é o máximo

Nós aldrávia do tempo

Um desejo ímpar

Por entre almas e quereres!


Poema O MÍNIMO DE NÓS, AMOR INCONDICIONAL..., do escritor Mestre Tinga das Gerais (Corinto – MG).

Sobre memórias

E nas memórias não construídas,

verte a lembrança

de quem só ousou a sonhar.

A canção faz questão de lembrar

Utopias, Dragões e Castelos

Que Eu Quixote não posso enfrentar.


Poema SOBRE MEMÓRIAS, do escritor Daniel Machado (Geógrafo da Alma!).


quarta-feira, 11 de outubro de 2023

O Sorriso da Flor

         

Quando, o dia amanhecer
E o teu lindo sorriso
Abrir a porta da manhã
Estarei feliz e garboso
Meu corpo cheiroso
Com teu cheiro de avelã 


Dar-te-ei um beijo ardente
E tua saliva quente
Com o sabor do mel
Será lindo e maravilhoso
Nosso jeito fogoso
Neste lindo escarcéu 


Somos o jardim encantado
Você minha gineceu
Nosso perfume é tão raro
Sou o seu pólen
O seu androceu.
 

Poema O Sorriso da Flor, do escritor Mestre Tinga das Gerais (Corinto – MG).