Eu não gosto quando alguém diz isso. Sobre afirmar o que é verdade ou verdadeiro, é fácil de mais dizer. Quem vai assumir que defende a mentira? E quem vai provar o que é verdade? É óbvio que qualquer um sempre vai dizer que fala e defende a verdade.
Os homens de verdade, os de verdade, os verdadeiros. Ainda alguém pode falar: eu sou verdadeiro e isso é o que importa pra mim. Mas quem foi que disse que essa máscara que você usa não dá pra ver de dia ou de noite?
Verdade é uma questão filosófica difícil.
Para Sócrates a busca da verdade era feita por critérios lógicos que buscavam parâmetros universais. Se algo é verdade não deve ser relativo. Assim os seus principais inimigos eram os sofistas, mestres na arte da retórica, os quais não se preocupavam com buscar a verdade. Eles tinham o objetivo de convencer as pessoas com qualquer argumento que demandasse objetivos. Sendo assim, verdade era um ponto de vista.
Entretanto para Nietzsche, que odiava Sócrates e admirava os sofistas, a verdade e o seu conceito eram mais uma das correntes que o Homem moderno carregava. Dizia ele que foram mortas mais pessoas em nome de verdades absolutas do que pelas perguntas e dúvidas.
Eu não acredito em discursos que defendem a verdade. Eu aprecio os desenvolvimentos que demostram o que é real.
Se um dia a verdade absoluta gerou estagnação e fanatismo, e depois o relativismo gerou insegurança, hipocrisia e depressão, hoje talvez seja a hora de uma discussão sobre as dimensões da realidade em evolução dialética com as verdades que nós herdamos.
O homem e a mulher que pensam têm a capacidade de refletir fora de padrões mentais que desenham o mundo antes da nossa ação ou ideia. Observando as contradições em cima dessas verdades, nasce a flor infame e tardia da antítese, a negação do que sempre acreditamos.
Infelizmente essa reflexão tem um caráter filosófico que não é do costume do senso comum se propor a chegar. E ao contrário da auto ajuda, nem sempre gera felicidade: derrubar mitos e crenças pode ser desalentador.
Defender a verdade, então, não é uma questão de honra se nós não provamos que essa verdade é de fato uma realidade, e não uma construção emocional e egocêntrica nossa. Talvez seja difícil, mas quem vai duvidar que é libertador?
sábado, 21 de setembro de 2024
Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 05 de janeiro de 2023, pelo autor, em sua página no facebook.
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