domingo, 25 de agosto de 2024
quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
ANIVERSÁRIO GÓTICO
terça-feira, 8 de abril de 2025
Olá, amigos!
Alvorada é terra de escritores! Poetas, prosadores, ensaístas, compositores, cartunistas. Alguns ainda anônimos, outros já reconhecidos. Nomeio alguns, muitos ficarão de fora. Que os comentários ajudem a recolocar as coisas em ordem e sejam todos lembrados.
José Portela Delavi e Gildo de Freitas foram grandes compositores e trovadores que chegaram aqui ainda no tempo do Passo do Feijó, no auge de sua produção artística. Artur Madruga, escritor, professor e artista plástico, lançou em 2022 seu último título no Brasil, Portugal, Angola e Cabo Verde. Sérgio Vieira Brandão, com dezenas de obras publicadas, alcança todos os públicos. De sua oficina para escritores surgiu o Clube dos Escritores de Alvorada, há 25 anos em atividade. Do Clube, destaco Ricardo Pôrto e Anderson Vicente, com suas narrativas misteriosas em cenários alvoradenses. A ficção/aventura/terror/fantástico, aliás, move muitos jovens autores independentes, como Sérgio Pires, Davenir Viganon, Eduardo Alós e Diego Borella.
Na literatura em quadrinhos, o Coletivo Alvoradense de Quadrinhos tem publicado obras regularmente. Denilson Reis, do CAQ, mantém ativo o fanzine Tchê há mais de 35 anos. Já o Pablito Aguiar é um sucesso nacional com suas entrevistas transformadas em HQs.
Um grupo de contistas e poetas negros têm organizado coletâneas que trazem com muita contundência os temas da identidade e do cotidiano. Entre eles, a Karin Santiago, Cristina Ribeiro, Daniel Machado e Rodrigo Machado. Ainda com foco na identidade afro-alvoradense, a pesquisadora Tainã Rosa vem produzindo material visual e textual de alto valor cultural e pedagógico.
A educadora Simone Soares, o filósofo e músico Everton Santos, e o militar da reserva Damião Oliveira imprimem em suas obras muito de suas experiências pessoais. A questão da mulher, a filosofia e o humanismo estão ali presentes.
Encerro com o poeta José Cezar Matesich Pinto, que nos deixou importante obra poética, sobretudo na música nativista.
Alguns destes autores, entre outros, estarão na II Feira Literária Independente de Alvorada, nos dias 12 e 13 de abril. Aparece!
Abraços!
sexta-feira, 13 de junho de 2025
Estive na praça da 48 pra tomar cerveja com meu amigo Xará essa semana. E logo veio nosso outro amigo, o Pirata. Um cãozinho de rua que é caolho, ele estava bem gordinho e com a pelugem preta brilhando. O motivo: come há anos moela com ração, gentileza de uma velha senhora que vem todos os dias na praça da 48 alimentar os animais de rua.
Contaram-me que ela teria vindo da Alemanha, há muito tempo. Ficamos observando ela servir a ração, pensei até em falar com ela, mas não tive coragem. Por que será que a bondade é tão natural pra algumas pessoas?
O poeta Libanês Kail Gibran disse uma vez que a natureza do ser humano é boa quando ele doa porque é uma condição da natureza, como uma árvore dar frutos. Reter é perecer.
Há quem seja bom porque quer reconhecimento, e há quem seja bom porque estudou o que é certo. E há quem doa de si sem pensar em nada, porque lhe é natural, esses estão no coração de Deus.
sábado, 21 de setembro de 2024
Eu não gosto quando alguém diz isso. Sobre afirmar o que é verdade ou verdadeiro, é fácil de mais dizer. Quem vai assumir que defende a mentira? E quem vai provar o que é verdade? É óbvio que qualquer um sempre vai dizer que fala e defende a verdade.
Os homens de verdade, os de verdade, os verdadeiros. Ainda alguém pode falar: eu sou verdadeiro e isso é o que importa pra mim. Mas quem foi que disse que essa máscara que você usa não dá pra ver de dia ou de noite?
Verdade é uma questão filosófica difícil.
Para Sócrates a busca da verdade era feita por critérios lógicos que buscavam parâmetros universais. Se algo é verdade não deve ser relativo. Assim os seus principais inimigos eram os sofistas, mestres na arte da retórica, os quais não se preocupavam com buscar a verdade. Eles tinham o objetivo de convencer as pessoas com qualquer argumento que demandasse objetivos. Sendo assim, verdade era um ponto de vista.
Entretanto para Nietzsche, que odiava Sócrates e admirava os sofistas, a verdade e o seu conceito eram mais uma das correntes que o Homem moderno carregava. Dizia ele que foram mortas mais pessoas em nome de verdades absolutas do que pelas perguntas e dúvidas.
Eu não acredito em discursos que defendem a verdade. Eu aprecio os desenvolvimentos que demostram o que é real.
Se um dia a verdade absoluta gerou estagnação e fanatismo, e depois o relativismo gerou insegurança, hipocrisia e depressão, hoje talvez seja a hora de uma discussão sobre as dimensões da realidade em evolução dialética com as verdades que nós herdamos.
O homem e a mulher que pensam têm a capacidade de refletir fora de padrões mentais que desenham o mundo antes da nossa ação ou ideia. Observando as contradições em cima dessas verdades, nasce a flor infame e tardia da antítese, a negação do que sempre acreditamos.
Infelizmente essa reflexão tem um caráter filosófico que não é do costume do senso comum se propor a chegar. E ao contrário da auto ajuda, nem sempre gera felicidade: derrubar mitos e crenças pode ser desalentador.
Defender a verdade, então, não é uma questão de honra se nós não provamos que essa verdade é de fato uma realidade, e não uma construção emocional e egocêntrica nossa. Talvez seja difícil, mas quem vai duvidar que é libertador?
sábado, 17 de maio de 2025
(Parte II)
O lugar, no geral, era tão pacato e sereno como poderia ser um vilarejo do interior, quase lembrava uma vila camponesa. No final da tarde, na temporada de verão, os moradores sentavam na frente das casas para conversar e se refrescar um pouco depois do dia de trabalho. E as crianças corriam pelas ruas fazendo brincadeiras até a chegada das primeiras estrelas no céu. Menos eu, é claro. Desde muito cedo tive inclinações estranhas por passar horas sozinho, fazendo minhas próprias brincadeiras, inventando personagens e amigos imaginários. Adorava desenhar seres mágicos e aventuras de heróis, e também tinha uma atração por fazer brincadeiras perto da figueira ao lado de casa. Aquela árvore era o lugar que eu mais gostava, passava a manhã e a tarde por lá fazendo todo tipo de brincadeiras, e às vezes até infantilmente falava com a árvore. Mas à noite era diferente. A figueira se transformava em uma criatura da escuridão, um ser imenso com galhos se retorcendo querendo agarrar o céu e a mim. Imaginava da janela do meu quarto, o tronco velho e retorcido se movendo sutilmente, e na brisa fria da noite pelos galhos e o farfalhar das folhas, eu sentia de alguma forma que a antiga figueira me chamava suavemente em um sussurro, e eu pedia a Deus para não sonhar com ela.
(Parte III)
Em uma tarde quente de verão, quando estava brincando na figueira encontrei um boneco. Pelas roupas que usava, representava um garoto. Era tosco, feito de pano e costurado de forma desleixada. Estava preenchido com palha, e um pouco de lodo negro estava em cima da parte das pernas. Limpei com algumas folhas e rapidamente fiz o boneco de mais um dos meus personagens. Nessa ocasião estava me divertindo tanto que cheguei a cansar, acabei me encostando na figueira e sem perceber adormeci. No meu sonho o dia estava com o sol se pondo, e a figueira movia os seus galhos como se estivesse buscando sair de onde estava, eu estremeci de medo. Ela me chamava pro interior da floresta juntamente com meu novo amigo boneco de pano. Além do campo aberto havia um caminho na mata que levava para uma trilha que se perdia dentro de onde a luz do sol não chegava, e o escuro abraçava os seres da floresta dentro das suas entranhas. O que haveria mais além? Um pântano? Um cemitério ou um covil de lobisomens? Quem sabe uma casa antiga onde uma velha bruxa preparava um feitiço lendo o seu grimório gasto pelo tempo? Desejei acordar. Quando despertei já era tarde, minha mãe me chamava para o banho antes do jantar. Levantei e fiquei com vontade de voltar no outro dia. Nunca mais eu sonhei com a figueira desde então. Conforme os anos foram passando e eu fui crescendo, abandonei as brincadeiras e a árvore ficou para trás. Ao terminar os estudos, fui morar na cidade dividindo aluguel com um amigo. Comecei uma vida nova longe da vila, da minha mãe, da antiga figueira e da floresta que me chamava.
CONTINUA...
_________________________Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.
sábado, 5 de abril de 2025
(Parte I)
(Parte II)
CONTINUA...
_________________________Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.
segunda-feira, 28 de outubro de 2024
domingo, 25 de agosto de 2024
quarta-feira, 23 de julho de 2025
(Parte IV)
(Parte V)
Além de tudo que eu revi, reparei que a figueira ainda estava exatamente como eu me lembrava. O tempo não parecia ter lhe afetado em nada, seus galhos, as folhas, o tronco e as grandes raízes onde eu me deitava quando garoto, estavam plenas e vigorosas figurando na visão que precedia o campo e que levava até a floresta. Essa sim parecia diferente.
CONTINUA...
_________________________Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.