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domingo, 18 de maio de 2025

 

DO OUTRO LADO DA RUA O SOL BRILHA

Um homem passa lendo seu jornal. A sua máscara no queixo, cumprimenta-me com vigoroso bom dia. O frio deu uma pequena trégua diz ele, e vai em direção ao seu destino.
É, o sol brilha, trazendo seu calor e sua magia, aquecendo corações.
Os cachorros latem agitados, outros brincam, talvez pressentindo o dia maravilhoso que será.
Sinto dentro de mim uma saudade doída, saudade de algo que eu não posso mudar. Penso em escrever sobre meus sentimentos mas ao mesmo tempo me pergunto, quem gostaria de ler sobre sentimentos alheios.
As horas passam como um desafio do tempo. A vida segue. E como diz a canção.
"Nada do que foi será, do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará."
O autor dessa frase com certeza desconhecia a saudade.

A escritora Ironi Jaeger é coordenadora do Festival de Literatura e Artes Literárias (FLAL). Mora em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 09 de outubro de 2020, pela autora, em sua página no facebook. 
*CLIQUE NAS PALAVRAS COLORIDAS (BIOGRAFIA E NOTA DE RODAPÉ).

sexta-feira, 11 de julho de 2025

  

A VIDA EM CICLOS


Em ciclos de vida, o tempo tece, Primavera, infância, em flor renasce. Despertar da alma, verde a brotar, Alegria pura, sem fim, a bailar. Verão, juventude, sol a brilhar, Paixões acesas, sem medo de amar. Dias longos, sonhos a voar, Amores quentes, para sempre guardar. Outono chega, a maturidade a colher, Folhas douradas, sabedoria a crescer. Calma e reflexão, um tempo de pensar, Memórias guardadas, para sempre lembrar. Inverno, velhice, o fim a abraçar, Neve que cai, um ciclo a findar. Em paz e silêncio, a alma repousar, No frio que acalma, a vida a cessar.

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Poema A VIDA EM CICLOS, da escritora Ironi JaegerCoordenadora do Festival de Literatura e Artes LiteráriasFLAL, a autora reside em Alvorada, RS.
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Escrito, pela autora, em 23 de Junho de 2025.
*CLIQUE NAS PALAVRAS COLORIDAS (BIOGRAFIA).

sábado, 16 de julho de 2022

RAIOS E TROVÕES

Ela chegou junto com a tempestade, olhos grandes, curiosos, profundos, assustados. Cabelos revoltos, soprados pelo vento que trazia o frio outonal. Sua boca pequena, perfeita, lábios delineados, por um batom de uma cor um pouco mais escura que o tom da sua pele. Curiosamente seu cabelo castanho avelã, parecia misturar-se ao cinza da tempestade.

Fiquei ali, parado olhando para ela, feito um babaca. Enquanto a nossa volta o mundo parecia desabar. Pela primeira vez na minha vida fiquei sem reação, o que fazer, que decisão tomar, quem era eu? Parte da minha mente dizia: socorre a moça”. Mas minhas pernas não obedeciam, o cérebro estava fixo naqueles olhos castanhos da cor da tempestade. A natureza sublime em sua perfeição, escolheu aquela hora, aquele lugar, para apresentar-me a minha amada.

Ela, a mãe natureza, em meio a sua fúria, dizia:

Pega. Estou te oferecendo a minha obra perfeita, a minha mais nobre criação. Quem seria ela? Suas roupas simples, porém elegantes. Será que já a vi em algum lugar? Ou ela foi literalmente soprada na minha frente?

Fiquei ali parado, segurando a porta da minha choupana. Uma parte de mim sabia que precisava entrar e abrigar-me, mas a outra metade não conseguia mexer sequer um músculo. Eu estava hipnotizado. A mãe natureza já estava impaciente com minha indecisão, pois soprou com mais força ainda o vento. Mas para mim, não existia tempestade na natureza, apenas aquela que se formou dentro de mim. E como se a mãe natureza dissesse:

Se mexe imbecil!

Um trovão se fez ouvir seguido de um raio que riscou as nuvens e veio parar a poucos metros de onde a moça estava. Nada que lhe oferecesse algum perigo real.

Santa mãe!

Exclamei assustado, enquanto corri para alcançar a moça no exato momento em que ela desequilibrada com o susto, estava prestes a desabar numa poça de água.

agora me dei conta que chovia e que ela estava toda molhada. E de seus lábios saiu um som divino, meloso.

Obrigada por me salvar.

Eeeuu, eeuu.

Para de gaguejar na frente da moça, pensei comigo.

Eu não me lembro quem sou, respondi sem tirar o meu olhar dos olhos cor da tempestade.

No céu um novo clarão, e a luz caiu aos meus pés… Acordei no hospital ouvindo minha mãe dizer:

Tu é doido é! O que tu queria fazer, abraçando a árvore no meio da tempestade?

A autora do conto RAIOS E TROVÕES, Ironi Jaeger, é escritora e coordenadora do Festival deLiteratura e Artes LiteráriasFLAL.
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*Postagem atualizada em 13 de agosto de 2024.

quinta-feira, 1 de agosto de 2024


O dia começou cinza, com as nuvens carregadas anunciando a chegada da chuva. O som das gotas batendo suavemente no telhado trouxe uma sensação de aconchego e tranquilidade. Era como se a natureza estivesse tecendo reclamações que os humanos não estavam dispostos a ouvir. Enquanto as cidades acordavam aos poucos, as ruas eram tomadas por guarda-chuvas coloridos e solitários passantes que caminhavam apressados para escapar da umidade.
Mas alguns, como eu, pararam por um momento para apreciar a dança das gotas caindo, criando padrões hipnóticos nas poças de água. A chuva trouxe uma calmaria diferente, um convite para desacelerar e se permitir contemplar a vida de uma forma mais poética. Nos bares, o cheiro de café recém-passado se mesclava com o aroma da terra molhada, trazendo uma sensação de nostalgia.
À tarde a chuva se intensificou, transformando o ritmo acelerado da cidade em um suave murmúrio de grossas gotas batendo no chão e criando poças intensas. Os carros agora passavam lentamente pelas ruas, criando ondas de água que refletiam as luzes dos postes, em um espetáculo visual digno de contemplação.
Os pássaros sentiram a tensão e cantaram de uma forma diferente, triste, agitados procuraram abrigo nos galhos mais altos das árvores. O canto se misturou ao som da chuva e os humanos não pararam para ouvir a melodia da natureza.
Enquanto isso nas casas e apartamentos, famílias reunidas em torno de uma xícara de chá ou café quente, ouviam incrédulos o que acontecia, cidades inteiras eram inundadas pela mesma chuva que antes proporcionava aconchego e contemplação.
A noite chega silenciosa com a chuva ainda caindo. Os carros permaneceram nas ruas, as casas que eram lares seguros e aconchegantes viraram lagos. Os transeuntes eram agora pessoas que fugiam da fúria da água. Nos bares não havia café recém-passado, mas lama e água. A chuva intensa tomou ruas, avenidas, carros, não fez distinção entre ricos e pobres. Deixando-os em pé de igualdade e sofrimento.
Cidades inteiras alagadas, destruídas, um incalculável prejuízo e muita tristeza. A chuva que começou poética e suave, causou a maior destruição já vista em um estado brasileiro. Mas em tudo isso o povo gaúcho conheceu a solidariedade dos irmãos brasileiros de Norte ao Sul, e até de países estrangeiros.
Levará tempo até que possamos novamente enxergar poesia em um dia de chuva. Aos poucos entendemos que apenas usamos o espaço que é das águas, e quando ela chega para retomar seu espaço por alguns dias, nós humanos devemos sair do caminho, sobreviver, e reconstruir.

A escritora Ironi Jaeger é coordenadora do Festival de Literatura e Artes Literárias (FLAL). Mora em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 24 de junho de 2024, pela autora, em sua página no facebook. 

sábado, 4 de outubro de 2025

 

ALVORADA, TERRA DE LUTA E CORAÇÃO 


Alvorada, sessenta anos de história, Em solo gaúcho, tua gente aflora. Cidade que acorda, mesmo no cansaço, Com alma guerreira, em cada abraço.

A enchente, por vezes, traz o seu lamento, Marcas na memória, em triste momento. Mas a cada água que tenta apagar, Um novo alvorecer faz o povo lutar.

Pela cultura e arte, a alma se expande, Em cada grafite, em cada estandarte. A voz do talento que não se cala, Em Alvorada, a esperança se instala.

Sessenta anos de garra e união, Alvorada, és força no coração. Que a luz de teu povo, em cada dia, Transforme a jornada em pura poesia.

Poema ALVORADA, TERRA DE LUTA E CORAÇÃO, da escritora Ironi JaegerCoordenadora do Festival de Literatura e Artes LiteráriasFLAL, a autora reside em Alvorada, RS.
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abaixo:

sábado, 14 de junho de 2025

 

POEMA POBRE


Noite de verão,
ela, olha pela janela,
enquanto toma,
suco de limão.

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Poema POEMA POBRE, da escritora Ironi JaegerCoordenadora do Festival de Literatura e Artes LiteráriasFLAL, a autora reside em Alvorada, RS.
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Poema postado, em 06 de dezembro de 2017, pela autora, em sua página no facebook. 
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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

 

MINHAS METADES INTEIRAS 


Um dia acordei, assim, Distribuindo tempestades Cansada de ser o “eu” inteira dividi-me em metades.

Algumas foram sopradas pelo vento Outras a chuva apagou. Algumas semeie no jardim E apenas com essas, hoje estou.

Na tempestade jogaram-me pedras Com elas construí um castelo. Vejam bem como é o destino Hoje aqui vivo, e ele é o mais belo.

Para o eu, preso na torre Joguei tranças tecidas de esperança. Deixei voar para longe O dragão com suas lembranças.

Hoje não creio mais em príncipes Nem mesmo com um rei eu sonho. Acredito apenas nas minhas metades, Onde com, e nelas, me recomponho.

Poema MINHAS METADES INTEIRAS, da escritora Ironi JaegerCoordenadora do Festival de Literatura e Artes LiteráriasFLAL, a autora reside em Alvorada, RS.
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segunda-feira, 21 de outubro de 2024

 

Dizem que as crônicas são efêmeras e por isso um estilo de escrita quase inútil. rônicas falam de coisas presentes, do agora, são coisas de momentos e portanto passageiras.
Dizem que quando terminar uma crônica ela já será passado, mas tudo muda em segundos. E até mesmo a crônica da nossa vida precisa mudar para que surjam novas histórias e sempre haverá novos fatos a serem contados.
Crônicas são extremamente conectadas ao contexto em que são escritas por isso, com o passar do tempo perdem seu sentido. Crônicas são textos curtos, de vida curta, mas que são capazes de descrever a essência do momento em que é escrita.
Concordo que crônicas vivem apenas por instantes assim como as flores na primavera, mas nem por isso perdem seus encantos. As crônicas são sementes plantadas para o infinito assim como esta, que escrevo neste momento.
As crônicas podem até serem efêmeras, mas são testemunhas presentes nos fatos desde os mais simples até os mais complicados.
Mesmo que as crônicas sejam breves, elas merecem serem escritas.

A escritora Ironi Jaeger é coordenadora do Festival de Literatura e Artes Literárias (FLAL). Mora em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 04 de setembro de 2018, pela autora, em sua página no facebook. 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

 

Então é segunda…
Segunda-feira é, para mim, o dia sagrado de escrever. Hoje, no entanto, as palavras parecem ter se escondido, como crianças tímidas em uma festinha. Meu corpo carrega o peso de um cansaço que não se justifica, e o meu coração, esse companheiro tão fiel, se arrasta pela tristeza, enquanto minha alma, inquieta, busca um pouco de paz em meio ao turbilhão.
Está chegando o Natal, e com ele, um desejo que se renova. Ah, os natais! Lembro-me de como, em tempos passados, eu esperava ansiosamente por um milagre que nunca chegou. Era como aquela criança que deixa o sapatinho na janela, cheia de esperança e sonhos adornados com laços coloridos. Mas, por mais que eu tentasse ser uma boa menina, esforçando-me até o limite, o presente do Papai Noel nunca veio. A vida, cruel na sua simplicidade, me ensinou a duras penas que nem toda espera é recompensada.
Então, aos poucos, fui desistindo. O brilho das luzes, o encantamento dos enfeites, tudo isso se tornava um pano de fundo para a minha melancolia. A existência do Natal parecia um paradoxo: festivo e triste ao mesmo tempo. Eu sorria, é claro; afinal, era Natal, e não se pode permitir que a tristeza manche a imagem perfeita da celebração. Mas, por dentro, meu coração chorava um choro silencioso, repleto de não-ditos, de promessas que nunca saíram do papel e de sonhos que deixaram de existir antes mesmo de serem vividos.
As conversas se tornaram ecos de vozes e risadas, misturadas a lembranças de tudo o que não aconteceu. Riso por fora, vazio por dentro. Às vezes me pergunto se um dia ser capaz de acreditar novamente. A esperança, por mais frágil que seja, deveria ser acolhida como uma velha amiga, mas ela se esconde, desconfiada, e eu hesito em chamá-la de volta.
Quem sabe, em um futuro distante, eu possa revisitar essa fé perdida? Mas, para mim, o Natal já parece tarde demais. E assim, no compasso lento de uma segunda-feira qualquer, escrevo, não com pressa, mas com a calma de quem aprendeu a viver entre as palavras e os silêncios. Afinal, a vida continua, e mesmo sem presentes, a história ainda se desenrola. O desejo, embora tardio, persiste, e é esse fio invisível que nos une ao que ainda pode vir a ser.

A escritora Ironi Jaeger é coordenadora do Festival de Literatura e Artes Literárias (FLAL). Mora em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 23 de dezembro de 2024, na página Liga dos 7, no facebook. 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

   

A VIDA E O FOGÃO SUJO

É uma das leis não escritas da culinária, uma verdade universal que todo cozinheiro carrega em sua memória afetiva e, muitas vezes, em seu pulso cansado: a panela que ferve e transborda. Aquele instante em que o molho, o feijão ou o leite decidem que o limite da panela não lhes serve mais e espalham sua essência borbulhante pela superfície do fogão. Nesse momento, a mente nos dá duas opções. A mais sensata, a mais fácil, é desligar o fogo. Interromper o processo, pegar um pano úmido e, em poucos segundos, limpar a pequena mancha antes que ela seque. Um trabalho mínimo, sem grandes dramas, a sujeira resolvida quase tão rápido quanto apareceu. Mas nem sempre é possível. Há receitas que clamam por seu tempo, que não podem ser interrompidas. Há um cozimento que precisa se completar, e nós, reféns daquela fervura, somos obrigados a assistir à pequena sujeira se transformar num trabalho dobrado. E a vida, com sua ironia peculiar, parece imitar a cozinha. As coisas erradas, as pequenas atitudes que sabemos que são desastrosas, começam a ferver. A voz interior nos avisa: "Desliga o fogo, limpa agora". Mas nós, por pressa, preguiça ou por acharmos que não é o momento, deixamos a fervura seguir seu curso. Quando nos damos conta, a sujeira já grudou. O trabalho não é mais o de um pano úmido. Precisamos de esforço, de um material mais abrasivo. Uma esponja de aço que arranha a superfície, assim como o peso de nossas ações arranha o coração e a alma. São minutos de reflexão amarga, de um esforço que poderíamos ter evitado. E é nesses momentos que fazemos a solene promessa: "Nunca mais vou deixar isso acontecer. Da próxima vez, vou limpar na hora". Prometemos a nós mesmos que seremos mais vigilantes, mais ágeis. O fogão, assim como a vida, é implacável. As promessas se perdem, as panelas continuam a ferver e nós continuamos a adiar a limpeza, a arrastar o problema, até que o esforço seja dobrado, a sujeira mais difícil e as marcas fiquem mais profundas. E nesse ciclo de promessas e esquecimentos, a vida segue, entre a fervura inevitável e o fogão sujo que teima em nos lembrar das escolhas que fazemos.

A escritora Ironi Jaeger é coordenadora do Festival de Literatura e Artes Literárias (FLAL). Mora em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 08 de agosto de 2017, pela autora, em sua página no facebook. 
*CLIQUE NAS PALAVRAS COLORIDAS (BIOGRAFIA E NOTA DE RODAPÉ).