Era uma vez, numa cidade de poeira e sol escaldante, um filme que parecia um faroeste tradicional, mas que, na verdade, se desenrolava ao nosso redor, como uma tragédia moderna. No centro da cena, um cavalo fora roubado. E em um sopro de injustiça, um sujeito qualquer, que não se encaixava nos moldes da sociedade, foi lançado nas garras da lei. Preso, acusado e sem voz para se defender, ele se tornara um mero peão em um jogo cruel.
Enquanto a cidade pulsava em preocupações, os capangas do xerife vigiavam cada esquina, mantendo a ordem de forma tirânica. O prisioneiro, ironicamente, era tratado como um refém, não de um assalto qualquer, mas de um sistema falido que se alimentava da punição sem esclarecimentos, da condenação sem investigação. A cidade tornara-se um cenário de medo, onde a liberdade era um sonho distante e o justiceiro, na verdade, um opressor disfarçado.
Como um eco, a sentença estava firmada antes mesmo dos fatos serem investigados. "Precisamos de um exemplo", diziam, como se a vida de um homem pudesse ser trocada por uma ilusão de segurança. E assim, sob a sombra de um original faroeste, a execução primária e preventiva se tornava uma realidade, uma mensagem cruel para que ninguém se atrevesse a contestar.
O filme que assistíamos não terminaria como um belo desfecho; ele se arrastava, revelando um enredo tóxico que condenava não apenas o prisioneiro, mas todos nós. Somos 213 milhões de reféns, aprisionados em um roteiro que não nos apega, mas nos exclui. E, paradoxalmente, acreditamos que seria o julgamento do século, onde seriam analisadas não apenas as ações da justiça, mas o próprio sentido das leis e da constituição que nos deveriam proteger.
E ali, como espectadores de uma tragicomédia, somos forçados a encarar a hipocrisia que permeia a sociedade. Uma sociedade desmoralizada, à beira de um colapso ético, anseia por justiça enquanto se perde em trattativas de poder e controle. O faroeste do cinema se tornara o nosso cotidiano. E quando a tela finalmente escurecer, o que nos restará? Talvez apenas a reflexão amarga de que, em busca de um culpado, todos nós acabamos por ser os verdadeiros condenados.
Enquanto a cidade pulsava em preocupações, os capangas do xerife vigiavam cada esquina, mantendo a ordem de forma tirânica. O prisioneiro, ironicamente, era tratado como um refém, não de um assalto qualquer, mas de um sistema falido que se alimentava da punição sem esclarecimentos, da condenação sem investigação. A cidade tornara-se um cenário de medo, onde a liberdade era um sonho distante e o justiceiro, na verdade, um opressor disfarçado.
Como um eco, a sentença estava firmada antes mesmo dos fatos serem investigados. "Precisamos de um exemplo", diziam, como se a vida de um homem pudesse ser trocada por uma ilusão de segurança. E assim, sob a sombra de um original faroeste, a execução primária e preventiva se tornava uma realidade, uma mensagem cruel para que ninguém se atrevesse a contestar.
O filme que assistíamos não terminaria como um belo desfecho; ele se arrastava, revelando um enredo tóxico que condenava não apenas o prisioneiro, mas todos nós. Somos 213 milhões de reféns, aprisionados em um roteiro que não nos apega, mas nos exclui. E, paradoxalmente, acreditamos que seria o julgamento do século, onde seriam analisadas não apenas as ações da justiça, mas o próprio sentido das leis e da constituição que nos deveriam proteger.
E ali, como espectadores de uma tragicomédia, somos forçados a encarar a hipocrisia que permeia a sociedade. Uma sociedade desmoralizada, à beira de um colapso ético, anseia por justiça enquanto se perde em trattativas de poder e controle. O faroeste do cinema se tornara o nosso cotidiano. E quando a tela finalmente escurecer, o que nos restará? Talvez apenas a reflexão amarga de que, em busca de um culpado, todos nós acabamos por ser os verdadeiros condenados.
Crônica O TIRO CERTO DO FAROESTE, da escritora Ironi Jaeger. Coordenadora do Festival de Literatura e Artes Literárias, FLAL, a autora reside em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 01 de setembro de 2025, pela autora, em sua página no facebook.
Obrigada pela postagem 😊
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