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segunda-feira, 28 de outubro de 2024

   

Existem perguntas que todos nós sabemos responder com extrema subjetividade e com pouca definição, é o caso quando buscamos explicar o que são certos sentimentos.
Cartilhas individualistas com a receita da felicidade dizem que “devemos seguir nosso coração não importa o resto”, ou que “a felicidade está em sermos nós mesmos”. Mas o que realmente isso significa?
Apresento as quatro concepções históricas que construíram nossa ideia sobre o que é o amor:
Para Platão o mundo estava dividido em dois: o mundo perfeito das ideias e o mundo imperfeito da matéria. Este último seria uma projeção incompleta e falha do primeiro. O ser humano quando deseja algo, passa a amar o seu objeto de desejo, tão logo o tenha o sentimento se esvazia, a esse amor Platão chamou “Éros”, e seria uma visão materialista. Por tanto a elevação para um patamar superior corresponderia a amar o que estivesse mais próximo do mundo virtuoso das ideias, ou seja: valores como caráter e honra.
Aristóteles, seu discípulo, não viu as coisas assim. Este filósofo entendeu o universo como uma máquina perfeita e interligada por suas partes cada qual correspondendo a uma função que completaria a harmonia do cosmos. Todos nasceríamos com um propósito para cumprir. E o amor por tanto se manifesta quando conseguimos esse fim. Por tanto amar, seria o ato de se encontrar no mundo e este sentimento ao contrário do que disse Platão, só manifesta alegria.
Para o Cristianismo o amor era “Ágape”. A visão aristocrática grega entendia as pessoas divididas por classes, algumas superiores que teriam lugares importantes na harmonia cósmica, e outras com inteligência próxima ao mundo perfeito das ideias. Cristo com a máxima “ama ao próximo como ama a ti mesmo”, inaugurou uma nova visão não só religiosa, mas de concepção universalista do homem: todos eram filhos de Deus. Por tanto o amor Ágape cristão, é aquele dedicado a entrega ao outro em nome da relação. Como o amor de um pai por sua filha ou dos casais que constroem suas vidas apesar das imperfeições.
Por fim o amor é explicado pela sociologia. Platão escreveu sobre o desejo, mas não foi muito além. Existe desejo que entendemos como amor, mas da onde ele surge? Para a sociologia o desejo também é uma construção social do meio. Os padrões estéticos são estabelecidos por campanhas de marketing, o que é belo é construído por tendências de mercado, e isso abrange desde o vestuário a noção de beleza. Nós amamos uma imagem construída por nos mesmos de perfeição segundo um padrão anteriormente colocado.


Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 21 de agosto de 2018, pelo autor, em sua página no facebook. 

sábado, 21 de setembro de 2024

  

Eu não gosto quando alguém diz isso. Sobre afirmar o que é verdade ou verdadeiro, é fácil de mais dizer. Quem vai assumir que defende a mentira? E quem vai provar o que é verdade? É óbvio que qualquer um sempre vai dizer que fala e defende a verdade.
Os homens de verdade, os de verdade, os verdadeiros. Ainda alguém pode falar: eu sou verdadeiro e isso é o que importa pra mim. Mas quem foi que disse que essa máscara que você usa não dá pra ver de dia ou de noite?
Verdade é uma questão filosófica difícil.
Para Sócrates a busca da verdade era feita por critérios lógicos que buscavam parâmetros universais. Se algo é verdade não deve ser relativo. Assim os seus principais inimigos eram os sofistas, mestres na arte da retórica, os quais não se preocupavam com buscar a verdade. Eles tinham o objetivo de convencer as pessoas com qualquer argumento que demandasse objetivos. Sendo assim, verdade era um ponto de vista.
Entretanto para Nietzsche, que odiava Sócrates e admirava os sofistas, a verdade e o seu conceito eram mais uma das correntes que o Homem moderno carregava. Dizia ele que foram mortas mais pessoas em nome de verdades absolutas do que pelas perguntas e dúvidas.
Eu não acredito em discursos que defendem a verdade. Eu aprecio os desenvolvimentos que demostram o que é real.
Se um dia a verdade absoluta gerou estagnação e fanatismo, e depois o relativismo gerou insegurança, hipocrisia e depressão, hoje talvez seja a hora de uma discussão sobre as dimensões da realidade em evolução dialética com as verdades que nós herdamos.
O homem e a mulher que pensam têm a capacidade de refletir fora de padrões mentais que desenham o mundo antes da nossa ação ou ideia. Observando as contradições em cima dessas verdades, nasce a flor infame e tardia da antítese, a negação do que sempre acreditamos.
Infelizmente essa reflexão tem um caráter filosófico que não é do costume do senso comum se propor a chegar. E ao contrário da auto ajuda, nem sempre gera felicidade: derrubar mitos e crenças pode ser desalentador.
Defender a verdade, então, não é uma questão de honra se nós não provamos que essa verdade é de fato uma realidade, e não uma construção emocional e egocêntrica nossa. Talvez seja difícil, mas quem vai duvidar que é libertador?


Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock  Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 05 de janeiro de 2023, pelo autor, em sua página no facebook. 

domingo, 25 de agosto de 2024

 


Eu não me arrependo de ter acreditado mais uma vez que era possível amar alguém, uma música, um projeto ou uma filosofia de vida.
Eu acredito que cada pessoa tem uma capacidade para desenvolver, e muitos, assim como eu, têm feridas que precisam ser curadas. Quando as pessoas se encontram, é pra que evoluam e se curem juntas.
Mas nem sempre o que é certo se faz pela consciência, na maioria das vezes, é a nossa dor que ensina.
Havia um deserto na minha vida quando eu era mais jovem, e literalmente eu andava por ele e via minha sombra solitária: será que um dia eu vou pra algum lugar? Será que um dia eu vou ser uma pessoa sábia?
É triste ver que no final cada pessoa volta pra casa sozinha pensando que o mundo todo é uma poça de mágoas e a vida só pode ser boa com um pouco de anestesia.
Andando assim, como eu faço, talvez você não chegue a lugar nenhum, porque eu ando pra perseguir a minha sombra, eu faço meu caminho pra pensar, e pelos ermos onde moram as ideias, é fácil se perder, e não querer voltar nunca mais. Mas essa é uma tentação que não se deve ceder: é lá que moram os loucos e os amargurados.
O que eu faço é andar, e perseguir a minha sombra como se vai atrás da felicidade, e no caminho, quem sabe o que podemos encontrar?

Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock  Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.
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Crônica postada, em 20 de dezembro de 2023, pelo autor, em sua página no facebook. 

 

JORNADA CULTURAL #04 EVERTON SANTOS
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Neste podcast, do dia 17 de julho, o artista e escritor Everton Santos, autor de O Sol dos Malditos, foi entrevistado pelo músico Maninho Melo (programa JORNADA CULTURAL, portal Alvoradense).