sexta-feira, 10 de outubro de 2025

 

— O quê? Desculpe-me senhor Rosenberg, mas o que quer dizer? 
Talvez o velho Rosenberg tenha me visto na minha pequena exploração, talvez soubesse de alguma coisa. Ele continuou:
— A floresta fala com as pessoas, faz promessas, ilude e manipula. Se você dá ouvidos à ela, acaba primeiro enfraquecendo, depois enlouquece e morre, ela tira tudo de você e nunca cumpre o que prometeu. Não volte lá, é um lugar ruim. A floresta chama as pessoas pra se alimentar delas. É assim desde antes da vila existir. 
O absurdo que eu estava ouvindo era a típica coisa que diria alguém que acreditava em mula sem cabeça e boitatá, e eu achei falta de sensibilidade ele não me dar os pêsames pelo falecimento da minha mãe. A vida fechada em uma realidade tão limitada fazia a superstição voar na imaginação, entretanto, eu não queria simplesmente desfazer da conversa, seria desrespeitoso, o senhor Rosenberg devia estar afetado pela idade. Fingi que me interessava, ele continuou:
— Já viu os bonecos? Sim, aqueles malditos bonecos vodus são feitos pra oferecer pra floresta alguém em sacrifício, é como um ritual. A ligação é feita em troca das promessas que a floresta faz. Quer viver pra sempre? Ver alguém que morreu? Quer se curar de uma doença ou curar alguém? Ela sussurra no ouvido, aparece em sonho, e muitas pessoas da vila secretamente já atenderam o seu chamado, foram elas que fizeram os bonecos. 
Por mais fantasioso que fosse aquele relato eu não gostei de o ter ouvido. Porque no fundo do meu coração, desde criança, eu também sentia que a floresta me chamava. Pensei em perguntar se ele conhecia a pedra negra e o altar, se sabia que um meteoro havia caído há muito tempo atrás, mas como ele iria entender isso? Meteoros do espaço e sincretismo religioso seriam de mais para o meu velho e pacato amigo da vila. Calei-me. Assenti com a cabeça com um olhar condescendente e amigável. Fui embora sem me despedir e nem olhar para trás, tinha que sair daquele lugar o mais rápido possível. 

CONTINUA...

Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.

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Conto postado, em 25 de março de 2025, pelo autor, em seu blogue Contos do Horror Cósmico. 
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domingo, 5 de outubro de 2025

  

ANCESTRALIDADE

 

Somos Quilombolas
Somos Daomé
Somos Palmares
Somos a África
Somos a Natureza (na sua essência)
Somos a Espiritualidade
Somos as  Benzedeiras
Somos as Parteiras
Somos os Griôs
Somos Sankofa
Somos a resistência contra o apagamento
        histórico e cultural
Somos a nossa História com a nossa Identidade
Somos a nossa ANCESTRALIDADE!
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Poema ANCESTRALIDADE da escritora Cristina Ribeiro, Jade Poeta. (Mora em Alvorada, RS).
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TIPO CABRINI
 

Fala, Alvoradense! Então? 
Conhecendo Alvorada,
de fato e de verdade,
14 mil cabinho,
60 corridas por dia,
Do alvorecer à madrugada,
feitos com zelo e carinho,
na capital da solidariedade.
Tipo um Cabrini do povo,
ao volante, atentamente,
de novo, de novo e de novo, 
escuto o cidadão votante,
ouço a voz de nossa gente. 
Chegando na quebrada, 
corrida finalizada!
— Até logo, mermão!

Natural de Alvorada, RS, Deodato Júnior é motorista de aplicativo e palestrante. Criativo e versátil, o autor costuma criar diferentes pseudônimos para suas obras. São os casos de Salomaucriado para os livros O Lobisomem do LeprosárioProvérbios de Salomau e Teste Vocacional para Motoristas de Aplicativo e; de Crisóstomo, nas obras A Bruxa da Bom JesusHistórias que até Zeus duvida e Boca Braba.

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N.E. Poema TIPO CABRINI, do pseudônimo Uber Alvorada
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sábado, 4 de outubro de 2025

 

A PEDIDO 

 

De um lado o mar
do outro o rio.
Gosto da textura das águas,
minha pele e a minha alma
se conectam com cada interação.
A menina e a mulher apreciam esse olhar,
mas meu âmago intenta uma calmaria
que não brota do desamor ou do esquecimento,
mas sim da plenitude do momento
em que apenas desejo a conexão com meu “Eu”.
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Poema A PEDIDO do escritor Daniel Machado, Geógrafo da Alma! (Mora em Alvorada, RS).
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POESIA DO LOUCO 

 

Levantou já tarde, almoçou só biscoitos, foi sestear sem pressa nas horas da tarde. Acordou às dezoito, vestiu-se ligeiro, foi pra boemia beber sem roteiro. Quando a madrugadao deixava tonto, voltou pra sua cama… mas antes, mais um copo. E assim, no sufoco, ninguém o chamava douto — era só, no fim das contas, um poeta louco.
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Poema POESIA DO LOUCO, do escritor Damião Oliveira
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TROCADILHOS

 

Amor, amar, amei Seguir, passar, passei Desci, achei, abri Corri, fugi, peguei Sei lá o que dizer Não sei... Corri sem saber do quê Parei de fugir pra quê? Calar, sossegar, sanar Será!?
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Poema TROCADILHOS da escritora Janaína Rosa. (Mora em Alvorada, RS).
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A CHUVA CAI

 

fora a chuva cai
E assim a vida vai, Quem precisa sai a rua Quem não precisisa não sai A chuva molha a terra, Molha as plantas, E molha a gente, Logo vem o sol, E assim a chuva vai,
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Poema A CHUVA CAI do escritor Henrique Domingues. (Mora em Alvorada, RS).
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 O ROMPER DO AMANHECER


Alvorada, cidade linda,
teu amanhecer é perfeito,
terra de um povo que luta
e se renova a cada aurora.

Alvorada, terra aguerrida,
que me permite sonhar e viver,
parabenizo-te com meus versos
que ecoam no nascer do dia.

A cidade que pulsa cultura,
que em cada bairro se conecta,
és abrigo, és horizonte,
és caminho que me acolhe de perto      
                                                        
Em cada romper do amanhecer,
renovo minha gratidão por ti.

Simone Soares é escritora, educadora popular e embaixadora da Editora Plena Voz. A autora reside em Alvorada, RS, e, desde 2024, organiza, junto com artistas, apoiadores e escritores, a Feira Literária Independente em Alvorada. 
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Poema O ROMPER DO AMANHECER. 
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