VIDA
Carros buzinam na entrada do parque e ele se pergunta porque não resolveu ir a pé? Irritado, sai da fila em que os demais carros aguardam e deixa o veículo em uma rua distante. Segue caminhando, agora livre da irritação, caminha pela calçada e depois pela estrada que leva aos quiosques, a praia e a escadaria no morro da Guarita. Está sozinho, ainda não está no verão, mas ainda gosta de visitar o parque. Senta-se em uma das mesas de um quiosque, o clima está agradável e o local tem muitas flores de cores diferentes tornando o local mais bonito. Muitas pessoas estão na praia, outras sobem o morro para observar tudo de cima. Fica por ali algum tempo, depois segue para a escadaria.
— Você já tinha vindo aqui? — Uma criança pergunta. A mãe segura sua mão enquanto sobem um pouco a frente dele.
— Já, mas faz algum tempo que não visito.
— Porque não?
— Porque... não é barato passar muitos dias aqui, menina.
— Ah.
Sorri ao ouvir aquela conversa tão comum, pensando em sua própria mãe. Era uma mulher que se irritava fácil, mas era afetuosa na mesma medida. Sente falta de poder falar com ela. A menina se desvencilha da mãe e corre escada acima. A mulher grita para que pare, mas, como a jovem não a obedece, ambas desaparecem no topo do morro. Sobe as escadas sem pressa, depois caminha pela beirada. Nunca viu a noiva assombrada perambulando por ali. Nem em dias chuvosos e assustadores. De certo, mesmo uma alma lamentosa deve parar com as assombrações em algum momento. A capela, tão gasta, agora provavelmente com bem mais que o dobro de sua idade ainda está lá. Nunca prestou muita atenção, mas lá repousava uma estátua de santa Maria segurando Jesus nos braços.
— Nunca tinha prestado atenção nisso.
— É bonita, não é? — Uma voz feminina comenta às suas costas.
Se vira e vê a mulher segurando com firmeza a mão da menina.
— Hã, é sim.
— Com o clima dessa estação se torna mais bonita. Faz muito tempo que não visito esse lugar.
Ele a observa melhor, mesmo sorrindo tem um certo tom de tristeza na sua voz.
— Não cumpri a promessa. — Ela diz.
— Eu sei.
— Mãe, posso ir no laguinho?
— Você já tinha vindo aqui? — Uma criança pergunta. A mãe segura sua mão enquanto sobem um pouco a frente dele.
— Já, mas faz algum tempo que não visito.
— Porque não?
— Porque... não é barato passar muitos dias aqui, menina.
— Ah.
Sorri ao ouvir aquela conversa tão comum, pensando em sua própria mãe. Era uma mulher que se irritava fácil, mas era afetuosa na mesma medida. Sente falta de poder falar com ela. A menina se desvencilha da mãe e corre escada acima. A mulher grita para que pare, mas, como a jovem não a obedece, ambas desaparecem no topo do morro. Sobe as escadas sem pressa, depois caminha pela beirada. Nunca viu a noiva assombrada perambulando por ali. Nem em dias chuvosos e assustadores. De certo, mesmo uma alma lamentosa deve parar com as assombrações em algum momento. A capela, tão gasta, agora provavelmente com bem mais que o dobro de sua idade ainda está lá. Nunca prestou muita atenção, mas lá repousava uma estátua de santa Maria segurando Jesus nos braços.
— Nunca tinha prestado atenção nisso.
— É bonita, não é? — Uma voz feminina comenta às suas costas.
Se vira e vê a mulher segurando com firmeza a mão da menina.
— Hã, é sim.
— Com o clima dessa estação se torna mais bonita. Faz muito tempo que não visito esse lugar.
Ele a observa melhor, mesmo sorrindo tem um certo tom de tristeza na sua voz.
— Não cumpri a promessa. — Ela diz.
— Eu sei.
— Mãe, posso ir no laguinho?
CONTINUA...
Ben Schaeffer é escritor, advogado e contador. Natural de Porto Alegre, reside em Alvorada, RS. Ávido leitor, lê vários gêneros, desde livros de ficção científica, de fantasia e de mistério até histórias em quadrinhos. É autor do livro Dan Plagg: o Porto das Bruxas e da série Histórias do Reino de Puphantia (O Grande Assalto e Os Fantasmas de Puphantus).
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