DATA: 09 de março de 2024
HORÁRIO: das 13h às 16h
LOCAL: Câmara de Vereadores -
Rua Contabilista Vitor Brum, 160
Poema DEVANEIOS, do escritor Daniel Machado (Geógrafo da Alma!).
Antônio de Fátima Silva, o Mestre Tinga das Gerais, natural de Corinto-MG, poeta, ator e cantor e na estrada há 35 anos. Participou de vários festivais, sendo premiado com o conto "O Caboclo e o Barranqueiro", atuou no curta-metragem "Um outro Tiradentes" e no longa "A História das Três Marias", da cineasta Zakia Daura.
Vindo do ventre da terra,
Milagre da natureza,
Brotando timidamente,
Vem a água, berço da vida,
Fecundando o nosso solo,
E logo corre fluente.
Entre grotas e penhascos,
Cada vez mais volumosa,
Corre, corre cristalina.
Água boa, em abundância,
Corre solta na planície,
Ou do alto da colina.
Alargando o seu caminho,
Faz-se riacho e rio
No seu leito, a dominar.
Recebendo afluentes,
É mais água e mais água
Até no mar desaguar.
E cai a água da chuva
Fecundando a boa terra
E enchendo mais o rio.
Temos água lá dos céus,
Água brotando da terra,
No seu permanente cio.
Esta água é represada,
Na barragem acumulada,
E depois é depurada.
É desta água bendita
Que recebemos em casa
Bem limpinha e tratada.
Como devemos zelar
Pela água abençoada
Que nos permite viver!
Mais que o ouro precioso,
De incalculável valor,
Esta água deve ser!
Agradeçamos a Deus
Pela água que nós temos
No rio ou em nossa pia
Cuidemos da natureza,
A única fonte que temos
Da água nossa de cada dia.
SOBRE O AUTOR
Natural de Jaboatão, Pernambuco. Filho de Manoel e Marina Lima, casado com Alcione Lima e pai de Anália Rebeca e Areli Suzana. Formado em Administração, Teologia e História. Professor na Escola Estadual João Matos Guimarães e pastor da Igreja Batista, em Sítio Novo, Olinda. O escritor Marinaldo Lima conta com diversos prêmios nacionais em concursos literários de contos e poemas.
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Poema com menção honrosa no 4º Concurso Nacional Permanente de Poesias do Semiárido do Nordeste Brasileiro, realizado em Campina Grande/PB em 2009 e integrante da Antologia Professores não só ensinam, eles também escrevem! Da Big Time Editora de 2013.
EITA! CACIANA ARRETADA!
Engenheiro Pires de Albuquerque, atual distrito de Alto Belo, pertencente ao município de Boacaiúva, tem cada causo que deixa a gente a viajar pelas linhas do Trem de Ferro, que deixou muita saudade pelas curvas do sertão e nos vilarejos por onde as famílias deliravam com os acenos das janelas e pelo apitar, que invadia a alma.
Lugar de gente pacata e cheia de histórias, o dia ganha alegria e o viver em sintonia com a natureza, faz da saga um berço de sentimentos.
O Seu Sílvio, da Dona Maria, negro ferroviário dava manutenção nas linhas que serpenteavam os vales e serras das gerais. Um pai de três filhos, muito correto e que gostava de uma dança, levava sua vida com muitos sorrisos na face ao lado da família.
Dona Caciana, sua mãe, era uma negra sisuda, mulher de muita garra, na enxada ela tirava seu eito e topava parada com qualquer homem. Diziam na região, que ela era filha negro de fazendas coloniais, na época da escravidão. E aquele que se metia a besta com ela, levava uma resposta daquelas e até saía nas pauladas. Ou foice.
A criação andava solta pelas ruas como em muitos vilarejos e ali: galinhas, porcos, cachorros e era normal para aquele povo que gostava de ter um animal para criar.
Os porcos da Dona Caciana ficavam soltos pelas ruas do vilarejo por ali também por entre aos de outros. Certo dia, o Seu Adelino, caboclo que também era daquele lugar aprazível ao ver alguns porcos pelas ruas, irritou-se e resolveu atiçar seus cachorros aos pobres porcos. Os cachorros feriram os porcos. Adivinha de quem eram os porcos?
Isso mesmo. Da Dona Caciana. Os cachorros morderam os porcos e o sangue jorrava pelas ruas de Pires. Ao ouvir aquela confusão, a Dona Caciana correu até a janela pra ver o que estava acontecendo. Nisso ela viu o Seu Adelino correndo e entrando em sua casa. Não deu outra. Dona Caciana ajeitou o lenço surrado na cabeça e foi até à casa da Seu Adelino e:
— Seu Adelino! O sinhôre atiçô seus cachorro nos meu porco e saiu correno? Sai aqui fora! Seu covarde lazarento!
Seu Adelino chegou até á Janela e:
— Óia Dona Caciana. Ninguém ó obrigado a vê esses porco da sinhora nas rua. Se a sinhora qué criá, cria preso no seu quintale.
Pensa numa mulher que saiu do salto e:
— Óia Seu dislavado. Os porco é meu e eu crio adonde eu quisé. Sai aqui fora queu vô parti sua cara, seu covarde! Vô te mostrá cum quantos graveto se fais a fêjuada.
O Seu Adelino irado foi logo retrucando:
— Óia Dona Caciana. Se a sinhora bestá, vô pegá minha cartuchêra eu dá um tiro no peitio da sinhora, pa mode mostrá a minha corage..
Por essa ele não esperava. A Dona Caciana abriu o vestido e mostrando aqueles seios caídos pelo tempo e que amamentou aos filhos e:
— Atira intão seu valentão! Se Ocê num atirá eu vô quebrá ocê no pau e mostrá ocê cumo é que fais covardia cum meus porco. Ocê num sabe adonde infiá a cuié. Cumigo não!
Ao ouvir aquela discussão a Dona Joaninha, esposa do Seu Adelino chegou com a calmaria do inseto Joaninha e:
— Ô Delino! Fais isso não! Dêxa de sê inguinorante home! Ocê sabe cumo é a Dona Caciana! Dêxa de valintia. Martratá a criação e ainda da Dona Caciana? Ocê sabe quéla tem corage!
O Seu Adelino deu uma acalmada e saiu da janela enquanto a Dona Joaninha pedia desculpas.
A Dona Caciana foi para a sua casa até tremendo de raiva e foi tratar das feridas dos animais.
Dizem que o Seu Adelino quando chega à Venda do vilarejo, sempre tem um que diz:
— Eu vi uns porco bunito na rua hoje...
Ele só olha atravessado e vai embora.
Dona Caciana levou anos para esquecer-se do Seu Adelino e ele prendeu os seus cachorros. Coitados.
Mais um causo do pacato e adorado Alto Belo, antigo Engenheiro Pires de Albuquerque.
Quer ouvir mais histórias de lá?
Pergunte à Sônia, filha do Seu Sílvio e a Dona Maria, ela é neta da Negona arretada, Dona Caciana. Ela me contou este causo...quem sabe ela lhe conte um!
Inté a outro causo da Sônia lá dos Montes...claros!
Antônio de Fátima Silva, o Mestre Tinga das Gerais, natural de Corinto-MG, poeta, ator e cantor e na estrada há 35 anos. Participou de vários festivais, sendo premiado com o conto "O Caboclo e o Barranqueiro", atuou no curta-metragem "Um outro Tiradentes" e no longa "A História das Três Marias", da cineasta Zakia Daura.
Passos em sintonia, giro vibrante,
Na noite serena, a lua dança,
N’um céu de sonhos, a noite avança,
Poema suave, d’um amor constante.
A melodia em tom pulsante
No palco do coração enfeitado,
Olhares cúmplices, apaixonados,
Vestido armado, elegante.
Dois corações em sintonia,
No valsar de metáforas cantadas
Em coreografias improvisadas,
No deslizar da harmonia.
Oh, cantiga eterna, cheia de emoção,
Ritmo alinhado, além do tempo,
Na valsa ao sabor do vento,
Ligando almas, formando canção.
Movimento no um-dois,
Assim, sob o céu estrelado,
Coreografia do destino narrado,
Do bailado de nós dois.
Poema VALSA AO SABOR DO VENTO do escritor Cristian Canto.
Contato: cristian.canto83@outlook.com
Encontre outros poemas do autor em:
HORAS MORTAS
Antônio de Fátima Silva, o Mestre Tinga das Gerais, natural de Corinto-MG, poeta, ator e cantor e na estrada há 35 anos. Participou de vários festivais, sendo premiado com o conto "O Caboclo e o Barranqueiro", atuou no curta-metragem "Um outro Tiradentes" e no longa "A História das Três Marias", da cineasta Zakia Daura.
Desde muito conhecida esta incompatibilidade lógica,
Que atinge duas ou mais de nossas proposições,
Em qualquer área do conhecimento, inclusive a biológica,
Gera, ao mesmo tempo, duas opostas conclusões.
Produz algo que é e que não é, no mesmo sentido,
E ainda que não percebida por um leitor mais distraído
Será através da Lógica Clássica detectada
E pela Tautologia Retórica, a seguir, contraditada.
Mas, afinal, existe ou não essa tão temida contradição?
A verdade e a falsidade podem conviver na lógica de opostos jogos?
Um atributo pode, ao mesmo tempo, pertencer e não ao objeto?
A incoerência no mundo sendo a verdadeira representação
Da expressão de um único e indivisível Logos
Revela, assim, meu caro leitor, o seu enredo mais secreto!
Capto das canções de outras histórias,
sentimentos que tive
ou que gostaria de ter.
O perfume das flores inebria-me,
mas também me detenho diante
do fétido odor da intolerância,
da concretude da falta de amor.
Ser poeta é ser um nervo exposto,
é ser uma esponja que absorve
os dissabores, mas acima de tudo
os amores que pavimentam o mundo.
Poema CAPTANDO, do escritor Daniel Machado (Geógrafo da Alma!).
Antônio de Fátima Silva, o Mestre Tinga das Gerais, natural de Corinto-MG, poeta, ator e cantor e na estrada há 35 anos. Participou de vários festivais, sendo premiado com o conto "O Caboclo e o Barranqueiro", atuou no curta-metragem "Um outro Tiradentes" e no longa "A História das Três Marias", da cineasta Zakia Daura.
https://www.facebook.com/tingadasgerais.silva/videos/834450210592739
O SOL DE TODAS AS MANHÃS
RÔ E ALINE
Rô
e Aline se conheceram nos bancos escolares da EE Jaca Madura, na pequena cidade
de Uru, interior de São Paulo.
Aline,
que é paranaense, chegou em Uru com 7 anos e foi matriculada na 1º ano do
ensino fundamental. Os pais da menina, trabalhavam num armarinho e com o
falecimento do proprietário, adquiriram o imóvel que comportava a loja.
Rô
é natural da cidade de Uru. Morava com os pais e irmão, numa casa própria. O
pai era gerente do Banco Retangular, na cidade vizinha de Reginópolis e a mãe,
fisioterapeuta em Bauru.
Alunas
da mesma turma, Rô e Aline competiam pelas melhores notas e a rivalidade era
estendida para fora da escola. Uma não procurava a amizade da outra, mas se
respeitavam.
Rô,
orientada pelos pais, quando terminou o ensino fundamental e antes de começar o
médio, obteve colocação numa multinacional, em Bauru, como estagiária. Aline
preferiu só estudar.
As
duas garotas frequentavam as festas e os bailes, em Uru. Com a transformação do
corpo, Aline e Rô tinham preferência por rapazes que estudavam na escola ou
moravam na cidade.
Como
viviam no mesmo ambiente, Aline evitava a aproximação de Rô, porque percebia na
colega de escola que ela, trabalhando e estudando, estava mais desenvolvida e
responsável pela própria vida.
Aline
e Rô, às vezes, trocavam algumas palavras, mas a paranaense, se sentindo
inferior, procurava se afastar, impedindo que as duas se tornassem amigas.
Saulo
paquerava Aline e frequentavam as festas da cidade ou ficavam na Praça, ao lado
da escola onde estudavam. Rô monitorava os passos de Ivan.
Nos
bailes, Aline fazia par com Saulo, enquanto Rô dançava com quem a convidava.
Quando Ivan aparecia, ela gostava de dançar com ele.
Rô
gostaria de dançar com Saulo, mas Aline não se desgrudava dele. Depois do
baile, os jovens se dirigiam a Praça. Em grupos ou duplas, ficavam até tarde,
colocando a conversa em dia.
Num
final de semana em Uru, o baile foi substituído pela tradicional festa junina.
Praticamente, a cidade inteira participava. Como Aline e Ivan ainda não tinham
chegado, Rô, quando estava mirando um boneco de pelúcia, no tiro ao alvo,
sentiu a presença de Saulo.
Saulo
olhando a Rô atirar e vendo que ela não foi bem sucedida, disparou a sua
espingarda. O dono da barraca pegou o boneco de pelúcia, caído no pano e
entregou ao jovem.
Rô,
depois da decepção de não acertar o alvo pretendido, virou-se e foi em direção
a barraca de pizza. Antes de fazer o pedido, ouviu a voz do Saulo:
— Duas pizzas de muçarela e dois
refrigerantes, na mesa 4. Quando o garçom serviu o casal, na bandeja tinha um
pequeno embrulho. Saulo falou para Rô:
— Este presente é para selar a nossa amizade.
Rô
desembrulhou o presente. Emocionada, virou-se para Saulo e agradeceu com um
leve beijo nos lábios.
Depois
da festa junina, Saulo e Rô foram para a Praça e ficaram até tarde da noite,
aos beijos e amassos. O boneco de pelúcia foi testemunha de tamanha felicidade
do casal.
Na
semana seguinte, durante as aulas, Rô percebeu muita tristeza no semblante de
Aline. Pensou “será que ela ficou sabendo que eu fiquei com o namorado dela?”
No
intervalo das aulas, vendo que Aline estava conversando com alguns alunos, Rô
se aproximou e ouviu a colega falar:
— A minha mãe foi diagnosticada como uma
doença renal crônica. Como já estava em estado avançado, o médico nefrologista
após avaliar os exames de sangue, de urina e de imagem, constatou que ela vai
precisar de um transplante de rim.
Dona
Catarina, mãe de Aline, submetida ao transplante de rim, com sucesso, agradeceu
à Deus e ao doador.
Rô e Saulo, fiquei contente quando a minha
filha Aline convidou o casal para ser padrinho do meu neto.
Dona
Catarina, se aproximando de madrinha, rogou:
— Devo
a você, Rô, a minha felicidade. Deus te abençoe!
Saulo
Jr pulou nos braços da Rô e apontando para dona Catarina, balbuciou:
— Mamãe, por que ela está chorando?
SOBRE O AUTOR
O escritor Amauri Martins reside na capital e em Bertioga, ambas em São Paulo (SP). Foi professor no magistério paulista, também diretor de escola e supervisor de ensino. Quando se aposentou, sentia falta de alguma atividade intelectual, por isso começou a rascunhar a sua biografia. Hoje, conta com dois romances publicados no Brasil e, em Portugal, os romances "Encantos & Paixões em Estoril" e "A jovem do olhar triste". Mais contos e crônicas publicados em 39 antologias.