Só me sobrou a poesia
para que eu me derramasse em sonhos
por um amor que eu nunca vivi.
Só me sobrou a poesia
para contestar a desigualdade
para me opor a maldade
dos que se acham donos de tudo.
Só me sobrou a poesia
para homenagear quem me deu a vida
e não se encontra mais aqui.
Só me sobrou a poesia
para enfrentar a covardia
de não falar o que escrevo para ti.
quinta-feira, 4 de setembro de 2025
quarta-feira, 27 de agosto de 2025
O herdeiro ultrapassou o portão; avistou apenas o casarão abandonado. O chafariz, lembrança mais forte de suas brincadeiras, coberto pela vegetação, não se parecia com o de outrora. O gramado, onde ensaiou os primeiros passos, o jardim, o orgulho das mulheres da casa, tudo invadido pelo mato, não deixavam imaginar a imponência dos tempos idos. Quase não reconheceu o mundo de sua infância.
A pesada chave de ferro não conseguiu vencer a ferrugem da fechadura. Sem esforços, arrombou o passado.
Adentrando na sala, sentiu-se observado pelo retrato na moldura, esquecido sobre a mesa com verniz descascado, contrariando que "lembrança é igual miragem" — seu pai sempre dizia isso, sorrindo —, "é feito um nada, aparece e simplesmente some ao estendermos a mão". "O pior", corrigiu, "é o que se perde e não volta".
Abriu a janela, deixando o sol amarelar ainda mais as cortinas. O vento ondulou os lençóis que cobriam os móveis há tanto tempo. O som dos jardins invadiu a casa.
Desceu à adega, o que era proibido quando criança. Encontrou um bom vinho tinto. Voltou à sala, retirou a cobertura da velha cadeira de balanço e recostou-se. Imaginou-se envolvido pelo fino som de um violino; igual muitas vezes vira o próprio pai naquela mesma cadeira, bebericando seu vinho preferido, ao lado da vitrola que só reproduzia Vivaldi.
Sentiu-se um personagem daqueles livros na estante: grande, louco e solitário. Atravessou a cozinha, sentou-se na soleira da porta e ficou assistindo um pequeno canário que parecia dissertar sobre a melancolia daquele fim de tarde. Decidido, voltou ao porão e pegou mais uma garrafa, subiu até o quarto principal, abriu as portas do roupeiro e procurou fósforos nos bolsos.
Saiu com a fotografia e a garrafa embaixo do braço. Na rua, deu uma última olhada nas chamas que consumiam os restos de sua herança.
Anderson Vicente é escritor, gestor ambiental e formando em História. Reside em Alvorada, RS, onde ajudou a fundar o Clube dos Escritores de Alvorada (CEA). Tem diversas participações em coletâneas de contos, crônicas e poemas. É autor dos livros juvenis Às voltas com a caveira e Na trilha dos zumbis.
segunda-feira, 25 de agosto de 2025
POR TI
No tanger da curva do olhar sereno, Percebo em ti um lindo corpo moreno, Exalando perfume que tonteia a mente de alguém, E com certeza, faz a gente querer bem... Sobe alto e rápido, Desliza e suaviza, Num instante em que repousa, Sopra a brisa que penteia seus cabelos, Ora revoltos, horas parados, Energia que contagia o coração , Aquecendo no frio a ardente paixão, Que só de pensar em ti, faz refletir, Quão nada serei sem você aqui!
MEDO COMO VENCÊ-LO?
Ele existe?Ele te causa dor ?Ele te paralisa?O que é?Onde está?Como combatê-lo?Ele é o acaso que não foi feito.Saindo da zona de conforto ele é inexistente.Vencendo os males ele é anulado.Tendo Fé ele não te paralisa.Com determinação, Foco e Disciplinao medo não existe.
quinta-feira, 21 de agosto de 2025
01|A alegria de uns é a tristeza de outros.02|A arte imita a vida.03|A beleza está nos olhos de quem aprecia.04|A bem da verdade…05|A cara da chiqueza.06|A cara da riqueza.07|A carne é fraca.08|A cobra vai fumar!09|A coisa ficou preta!10|A coisa tá feia!11|A conta não fecha.12|A corda sempre arrebenta na parte mais fraca.13|A criança pode ser distraída. Você não!14|A culpa é de quem?15|A cura prá um loco é um loco e meio.16|A danada da pinga é que me atrapaio. Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio. Oh yes!17|A desculpa do cego é a bengala.18|A Deus dará.19|A dor ensina a gemer.20|A esperança é a última que morre.21|A esta altura do campeonato?22|A fome é o melhor tempero.23|A fruta não cai longe do pé.24|A gente come com os olhos.25|A gente cria os filhos pro mundo.26|A gente cria os filhos pros outros.27|A gente morre e não vê tudo.28|A gente precisa de determinação.29|A gente se vê por aí.30|A gente tem que ter força de vontade.31|A gente tem que ter persistência.
Mês que vem tem mais!
Natural de Alvorada, RS, Deodato Júnior é motorista de aplicativo e palestrante. Criativo e versátil, o autor costuma criar diferentes pseudônimos para suas obras. São os casos de Salomau, criado para os livros O Lobisomem do Leprosário, Provérbios de Salomau e Teste Vocacional para Motoristas de Aplicativo e; de Crisóstomo, nas obras A Bruxa da Bom Jesus: Histórias que até Zeus duvida e Boca Braba.
quarta-feira, 20 de agosto de 2025
(Parte V)
(Parte VI)
— Melhor ficar longe da floresta, lá é um lugar ruim...
CONTINUA...
_________________________Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.
terça-feira, 19 de agosto de 2025
A escritora Ironi Jaeger é coordenadora do Festival de Literatura e Artes Literárias (FLAL). Mora em Alvorada, RS.
*CLIQUE NAS PALAVRAS COLORIDAS (BIOGRAFIA E NOTA DE RODAPÉ).
domingo, 17 de agosto de 2025
HOJE FOI...
Nascido em São Gabriel, Damião Oliveira, reside em Alvorada, RS. É autor dos livros Sonetos para Deus, Buquê de Flores e Pinhal em Versos. E, o criador do projeto Semeando Sonhos, Colhendo Realidades, o qual doa livros e e-books para escolas, associações e sociedade em geral.