POEMA POBRE
Noite de verão,
ela, olha pela janela,
enquanto toma,
suco de limão.
POEMA POBRE
Noite de verão,
ela, olha pela janela,
enquanto toma,
suco de limão.
DO OUTRO LADO DA RUA O SOL BRILHA
Mulher pobre, rica, santa ou pecadora
mulher motorista, delegada ou professora
menina, idosa, jovem, senhora
mulher que ri, canta e que chora
Mulher que da a vida por outra vida
mulher que deu a luz Jesus Cristo
Mulher negra, branca,índia ou cigana
de espelho na mão e sangue na veia.
mulher que sofre, espera deseja
Que trocou a cozinha pelo copo de cerveja.
mulher que livre perdeu o encanto
mulher objeto, jogada pelos cantos.
mulher fiel, amiga, companheira,
para horas, dias ou para a vida inteira.
Mulher que ama, chora e sente
mulher que de guerrilheira chegou a presidente.
Mulher pobre, rica, santa ou pecadora,
de qualquer raça credo ou cor
serás sempre o princípio da vida
mulher teu sobrenome é amor.
A escritora Ironi Jaeger é coordenadora do Festival de Literatura e Artes Literárias (FLAL). Mora em Alvorada, RS.
_________________________
Crônica postada, em 23 de dezembro de 2024, na página Liga dos 7, no facebook.
O poeta vive da ilusão dos sonhos desfeitos.
Das mentiras costuradas com a linha do tempo.
De mágoas curtidas no vinagre da ilusão.
O poeta passa a viver só, quando perde o encanto.
Vai murchando feito uma rosa ao sol.
O poeta se alimenta com as dores da ilusão.
Bebendo o fel da amargura que escorre de seus olhos semicerrados.
O poeta que vive só, transforma-se em um dia frio de nevoeiro úmido.
Onde se enxerga apenas silhuetas e os rostos são meras caricaturas.
O poeta morre só, quando perde os sonhos e as palavras.
Quando as letras em sua mente vão se embaralhando.
O poeta morre só, e dele ficam os versos lindos e as palavras doces.
O poeta tem verso e reverso vive e morre com sua dor.
O poeta vive e morre triste, lentamente se apagando.
A razão tinha seu motivo. O motivo a sua razão. Quando o casamento acabou, cada qual se achava no direito de estar certo.
A razão não estava errada e nem correta, visto que tinha apenas razão, mas não tinha motivos. O motivo estava correto porém não tinha razão.
Passaram-se séculos, e hoje pela manhã encontrei os dois na praça discutindo quem tinha motivos e quem tinha razão.
Bom... Eu não tinha motivos para escrever este texto, mas vocês irão dar-me razão que ficou um bom texto.
Ela chegou junto com a tempestade,
olhos grandes, curiosos, profundos, assustados. Cabelos revoltos, soprados pelo
vento que trazia o frio outonal. Sua boca pequena, perfeita, lábios delineados,
por um batom de uma cor um pouco mais escura que o tom da sua pele. Curiosamente
seu cabelo castanho avelã, parecia misturar-se ao cinza da tempestade.
Fiquei ali, parado olhando para ela,
feito um babaca. Enquanto a nossa volta o mundo parecia desabar. Pela primeira
vez na minha vida fiquei sem reação, o que fazer, que decisão tomar, quem era
eu? Parte da minha mente dizia: “socorre a moça”. Mas minhas pernas não obedeciam, o
cérebro estava fixo naqueles olhos castanhos da cor da tempestade. A natureza
sublime em sua perfeição, escolheu aquela hora, aquele lugar, para
apresentar-me a minha amada.
Ela, a mãe natureza, em meio a sua
fúria, dizia:
“Pega. Estou
te oferecendo a minha obra perfeita, a minha mais nobre criação.” Quem seria ela? Suas roupas simples, porém elegantes. Será que já
a vi em algum lugar? Ou ela foi literalmente soprada na minha frente?
Fiquei ali parado, segurando a porta da minha choupana. Uma parte de mim sabia que precisava entrar e abrigar-me, mas a outra metade não conseguia mexer sequer um músculo. Eu estava hipnotizado. A mãe natureza já estava impaciente com minha indecisão, pois soprou com mais força ainda o vento. Mas para mim, não existia tempestade na natureza, apenas aquela que se formou dentro de mim. E como se a mãe natureza dissesse:
“Se mexe imbecil!”
Um trovão se fez ouvir seguido de um
raio que riscou as nuvens e veio parar a poucos metros de onde a moça estava.
Nada que lhe oferecesse algum perigo real.
— Santa mãe!
Exclamei assustado, enquanto corri
para alcançar a moça no exato momento em que ela desequilibrada com o susto,
estava prestes a desabar numa poça de água.
Só agora me dei conta que chovia e
que ela estava toda molhada. E de seus lábios saiu um som divino, meloso.
— Obrigada por me salvar.
— Eeeuu,
eeuu.
Para de gaguejar na frente da moça, pensei comigo.
— Eu não me lembro quem sou, respondi sem tirar o meu olhar dos olhos cor da
tempestade.
No céu um novo clarão, e a luz caiu
aos meus pés… Acordei no hospital ouvindo minha mãe dizer:
— Tu é doido é! O que tu queria fazer, abraçando a árvore no meio da tempestade?