quinta-feira, 14 de agosto de 2025

 

O ENCONTRO DO POETA E A ESCRITA


Nem sempre o poeta viveu o que escreve porém, há um 
encantamento silencioso no ato de criar.
As palavras surgem como magia, dançando no papel até 
encontrarem seu lugar, exatas, inteiras se formam colorindo  
almas.
E quando o poeta vive o que narra, deixa no ar um perfume 
de mistério, como quem sussurra segredos ao vento.
Fica a dica: nem tudo que é sentido precisa ser dito mas tudo 
que é dito carrega um pouco do que se sente. 
 
Simone Soares é escritora, educadora popular e embaixadora da Editora Plena Voz. A autora reside em Alvorada, RS, e, desde 2024, organiza, junto com artistas, apoiadores e escritores, a Feira Literária Independente em Alvorada. 
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Poema O ENCONTRO DO POETA E A ESCRITA. 
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LEITURAS DE VERÃO

Os dias luminosos de verão são sempre uma motivação para mergulhar na leitura e viajar por mares calmos ou turbulentos, desembarcar em portos desconhecidos, ampliar horizontes.
Os livros respeitam os silêncios da natureza, destronam o burburinho da praia e piscina, competem com as cores do horizonte ao entardecer. Acomodados na mochila, são cúmplices dos momentos de liberdade e diversão. Compinchas dos tempos de evasão na praia, das oportunidades de desfrute na esplanada e das ocasiões de aquietação no final da noite.
Pegar naquele livro, que ambicionava ler, acomodar-me num sítio aprazível e desfrutar da história sem pressa, é sempre um evento especial. Poder ouvir o ranger do virar das páginas despreocupada com os movimentos circulares dos ponteiros do relógio, saboreando cada parágrafo, cada capítulo, é uma bênção. O final da história consuma sempre um momento especial, independentemente da satisfação da narrativa, representa sempre o término duma etapa bem-sucedida.
As leituras de verão são para mim momentos de escapismo, de libertação das rotinas, de acalmia.
Como sugestão de leitura, destaco três dos últimos romances que li, escritos por três escritoras de Clubes literários que integro:
 “O outro olho da coruja” da autora Rafaela Lacerda”,
“Pacto” da autora Ana Paula Toledo;
“O diário (não tão secreto) de Yasmim” da autora Michelle Paranhos.
Três obras que se tocam na narrativa (envolvente, com elementos de mistério, humor ou reflexão) e na exploração do universo interno dos personagens (as emoções, os dilemas e os sonhos).

Alexandra Ferreira é autora de Sombras com Rosto (romance, 2019) e de Um Verão Sem Ti (antologia de contos, 2023). Portuguesa, natural de Viseu, reside no Porto. É engenheira civil, pós-graduada em Direção de Empresas e mestre em Engenharia Rodoviária. Integrante do Festival de Literatura e Artes Literárias (FLAL) e do canal Liga dos 7, no facebook. Escreve para revistas literárias e clubes de leitura. Participa, ativamente, de congressos, sendo coautora de diversos artigos científicos.
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Crônica postada, em 05 de agosto de 2025, pela autora, no canal Liga dos 7, no Facebook.
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FELIZ DIA DO ESCRITOR.


Estou vivendo hoje, cumprindo a minha missão. Aqui mora uma escritora, cheia de imaginação. Existem algumas coisas, hoje não faço mais. Mas guardo na minha mente, o que ficou para trás. O que será de mim, se não conseguir escrever. Com certeza não tenho ideia, do que pode acontecer. Gosto muito de escrever, principalmente poesia. Porque vejo o resultado, transformando em magia. Quando tenho papel e caneta, eu começo imaginar. Estou sempre viajando, Sem sair do lugar.

 
Maria Rosa é natural de Santo Antonio da Patrulha. A autora, reside em Alvorada, RS, e participou das coletâneas Livro do Trabalhador; Pérolas Ocultas; Somos Alvorada e; Raízes. Atualmente, está escrevendo um livro de poesia. 
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Poema FELIZ DIA DO ESCRITOR., escrito, pela autora, em 25 de julho de 2025.
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SEGUNDOS

 

Suave brisa que eterniza
os sonhos que tenho sem dormir.
Palavras que irão surgir
em poemas que irei guardar nas gavetas.
Ensejo de emoções reprimidas
pelo medo de se perderem ao vento
Dragões Moinhos ou
Moinhos Dragões a dilacerarem
minha pele marcada de receios.
Tua pele retida em minha mão
pela finitude de segundos
os mesmos que parecem infinitos
e que conto para te ver.

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Poema SEGUNDOS do escritor Daniel Machado, Geógrafo da Alma! (Mora em Alvorada, RS).
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quarta-feira, 23 de julho de 2025

 

Tive uma vida normal com mulher e filhos, trabalho no escritório de contabilidade, alcoolismo e separação. Na tarde que recebi o telefonema que confirmou a morte da minha velha mãe eu passei mal. Senti ânsia de vômito e precisei de água, ar e uma dose de bebida. Ela já estava muito debilitada pelo Alzheimer, situação que veio se agravando após a morte do meu pai. O pior de tudo é que eu teria que voltar na vila para resolver problemas legais e também da condição do meu antigo lar. isso não era nada agradável, aquele lugar estava morto para mim, voltar lá significava desenterrar um cadáver. A viagem foi tranquila, apreciei as paisagens bucólicas da janela do ônibus. Quando eu era criança adorava viajar de ônibus com meu pai para a cidade. Percebi que naquela situação, vendo antigas paisagens, estava me despertando sentimentos de nostalgia que não eram exatamente bons. 
O enterro foi rápido e solene, havia um número considerável de pessoas, como a vila não tinha cemitério a cerimônia foi feita na comunidade vizinha. Após uma viagem curta, ao chegar na casa da minha falecida mãe tudo estava quase igual eu havia deixado há 20 anos. A não ser pelos evidentes sinais do tempo. O jardim do meu pai e os alfaces não existiam mais, a pintura da casa estava pior do que eu jamais havia visto. Tudo ali lembrava abandono e solidão, como se a velha casa cansada das suas próprias memórias, estivesse pronta para se fechar e repousar em uma introspecção que levava o peso das gerações passadas. Ninguém vai morar ali agora, eu fui embora e não iria voltar. A casa dos meus pais poderia descansar. 

(Parte V)

Além de tudo que eu revi, reparei que a figueira ainda estava exatamente como eu me lembrava. O tempo não parecia ter lhe afetado em nada, seus galhos, as folhas, o tronco e as grandes raízes onde eu me deitava quando garoto, estavam plenas e vigorosas figurando na visão que precedia o campo e que levava até a floresta. Essa sim parecia diferente.

Depois de todo aquele tempo eu tive impressão que ela havia crescido, algo estranho, dada a tendência contrária das atividades humanas diminuírem o tamanho desses lugares. Acendi um cigarro e fiquei admirando a vista da varanda sentado na cadeira da minha mãe, encarei a floresta dizendo para mim mesmo que nunca mais iria voltar. Quando enchi os pulmões com a segunda tragada acabei fixando a visão ainda mais naquele horizonte, eu sempre imaginei o que haveria no interior da floresta. Foi então que o improvável aconteceu: uma pessoa adentrou na mata. Pude ver nitidamente de onde eu estava, apesar da distância. Com um pouco de hesitação decidi verificar o que estava acontecendo, era uma situação interessante. Eu me senti um personagem idiota de filmes de terror, que ao invés de chamar a polícia, coloca-se em perigo. Porém, havia em mim a vontade de explorar o lugar, de saber o que havia por lá, de olhar tudo e ter as certeza que não havia nada. Mas e aquela pessoa? Por que entrou em uma floresta escura durante a hora do crepúsculo? Seria um assassino que vai finalizar sua vítima? Um homem que se transforma em uma besta quando o sol se põe? Ou apenas jovens indo ter relações sexuais ou usar drogas? Eu quis rir das minhas hipóteses, mas meus lábios não obedeceram, parecia que a situação me impelia para uma certa seriedade. Andando com passo apressado atravessei o campo. Sempre cuidando ao meu redor, a floresta estava ainda iluminada por poucos raios de sol antes do anoitecer, e me pareceu bem mais intimidadora do que no meu sonho. De fato havia uma trilha para o seu interior, mas era bem mais larga que eu imaginei, e a débil luz do sol ainda lhe cobria o caminho por uma boa parte. As sombras da escuridão se erguendo vagarosamente na projeção das árvores e arbustos dava um ar fantasmagórico para o local, e eu realmente achei uma bela visão: era como um túnel de sombras feito por árvores sinistras que se inclinavam.

CONTINUA...

Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.

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Conto postado, em 25 de março de 2025, pelo autor, em seu blogue Contos do Horror Cósmico. 
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sexta-feira, 18 de julho de 2025

 

 DOSE PARA A VIDA


Uma dose de confiança e esperança.
Uma dose de autoestima.
Uma dose de capricho.
Uma dose de alegria e amor.
Uma dose de luz para você.
E, para todos os momentos, uma dose exagerada de Deus.

Desejo a você muito axé!

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Poema DOSE PARA A VIDA, da escritora Simone Soares. Educadora popular e embaixadora da Editora Plena Voz, a autora reside em Alvorada, RS, e, desde 2024, organiza, junto com artistas, apoiadores e escritores, a Feira Literária Independente em Alvorada.
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UM ESCRITOR DE MUITAS FACETAS
(Anderson Vicente)

Quem de nós, em algum momento, não ficou impressionado com uma história contada por alguém? Tão impressionado que exclamou algo como: “Uau; podia virar um livro!” Já no século XIX, Hans Christian Andersen e os irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm, percebiam a importância desse tipo de história. Do mesmo modo, muitos séculos antes, as histórias de As Mil e Uma Noites migravam das histórias orais para a escrita. O cordel, outro grande e antigo representante da tradição popular, nos revela isso. Difícil não ficarmos maravilhados com os versos dos livretos. Mas hoje, neste tempo de mil e um aplicativos, existem histórias orais? Histórias que possam ser transformadas em literatura?
Digo que, para responder a tais questões, é preciso conhecer o autor. São poucos os que sabem o verdadeiro nome dele. Ele é um escritor com muitas facetas. Ou melhor, com diferentes pseudônimos. Nesta obra, em particular, ele adotou Crisóstomo como pseudônimo e personagem. Crisóstomo narra em primeira pessoa. Vive a história de um motorista de aplicativo. E, assim, o personagem vive o dia a dia do próprio autor. Ficção e realidade compõem um elaborado e interessante mosaico. Opa! Não posso entregar o jogo! Crisóstomo jamais me perdoaria. Mesmo que eu não revele, o título é um alcaguete. Nele, está revelado que, aqui, neste livro há uma bruxa.
A Bruxa da Bom Jesus é um texto empolgante. De tirar o fôlego, de ler em um só fôlego (não de modo literal, é claro). Não dá vontade de parar a leitura. Fica difícil não dar spoiler. Preciso ser forte. Bom, não devia, mas... Preciso dizer que, no livro, existem bônus. Crisóstomo é um contador de histórias e tanto. Ali, no livro, de repente, surgem o Boca Braba, o Dexter e o Salomau vindos da cabeça e, de outras obras, do autor. Todos eles são personagens e pseudônimos. Eis um livro fascinante! Cheio de expressões, de gírias, de frases de autoconhecimento, de provérbios. Tem até teste vocacional para motoristas de aplicativo!
A bruxa está à solta nas páginas. Um Lobisomem circula pelos arredores. Há um isolado leprosário. E, ainda, existe um terrível manual que afasta alguém que queremos em sete dias. Sete é um número misterioso. Cheio de significados. Em um mundo repleto de perigos, por que não blindar um Uber? O risco pode vir, de forma inesperada, de uma amizade. Então, julgo que foi uma grande leitura. E, o autor me surpreendeu, mais uma vez. Criatividade, imaginação, enredo. A experiência de quem presencia fatos e sabe escutar. Adora ouvir as pessoas e as histórias dos passageiros. Um escritor que dá um toque único. Que lapida uma tradição oral. A tradição dos contadores de histórias.  

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Anderson Vicente é escritor, gestor ambiental e formando em História. Reside em Alvorada, RS, onde ajudou a fundar o Clube dos Escritores de Alvorada (CEA). Tem diversas participações em coletâneas de contos, crônicas e poemas. É autor dos livros juvenis Às voltas com a caveira Na trilha dos zumbis.

N.E. Um Escritor de Muitas Facetas é o título do prefácio escrito por Anderson Vicente para o livro, do escritor Deodato JúniorA Bruxa da Bom Jesus: Histórias que até Zeus duvida (coletânea de contos, Editora Meia-noite, 2025).

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VIDA 
Parte III Verão

Ah. Pode ser.
 Para. Você quer ou não?
 Eu quero. Calma.
 Então daqui um ano a gente se encontra.
— Tudo bem.
 Promete?
 Precisa tudo isso? Que exagero.
 Como você é chato.
 Só porque você vai embora amanhã e vai esquecer isso daqui uma semana, prometo.
Demoraram a chegar à casa em que estava hospedada com os pais. Queria estar com ele, beijá-lo mais algumas vezes, sentia aquele calor que nem o vento frio diminuía. Se o rapaz gostava dela da mesma forma, nunca transparecia. Ficaram à porta, a madrugada dando lugar ao nascer do sol. Seu pai ficaria furioso, mas não importava. O verão estava acabando. Era só isso. Uma memória que desapareceria dando lugar a novas lembranças.

  CONTINUA...

Ben Schaeffer é escritor, advogado e contador. Natural de Porto Alegre, reside em Alvorada, RS. Ávido leitor, lê vários gêneros, desde livros de ficção científica, de fantasia e de mistério até histórias em quadrinhos. É autor do livro Dan Plaggo Porto das Bruxas e da série Histórias do Reino de Puphantia (O Grande Assalto e Os Fantasmas de Puphantus).  

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Conto, do autor, VIDA.
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VIDA 
Parte II Verão 

Acho que sim.   Não há sinal de tristeza naquele rosto.
Tá bem então. É isso.
Porque a gente não aproveita o hoje? É o que você tem.
Vou descer.
Espera. Não faz assim.
Tá tudo bem, é isso. Está tarde.
Enquanto caminha pelo gramado do morro vê ao longe uma pequena capela. Ouve o som dos passos dele, que a alcança e entrelaça seus dedos nos dela.
Se você ficar brava, fica mais fácil de ir embora amanhã.
Você é um idiota.
Ele ri e aponta para a capela.
Existe há muito tempo, sabia?
É? Quanto tempo?
Mais do que a soma das nossas idades.
Uau.
Vai rindo. Uma hora vamos ter o dobro da nossa idade e vamos ser velhos.
O que acha de nos encontrarmos em frente a capela?
Quando? Amanhã?
Eu vou embora amanhã. Tô dizendo daqui algum tempo. Sei lá.

 CONTINUA...

Ben Schaeffer é escritor, advogado e contador. Natural de Porto Alegre, reside em Alvorada, RS. Ávido leitor, lê vários gêneros, desde livros de ficção científica, de fantasia e de mistério até histórias em quadrinhos. É autor do livro Dan Plaggo Porto das Bruxas e da série Histórias do Reino de Puphantia (O Grande Assalto e Os Fantasmas de Puphantus).  

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Conto, do autor, VIDA.
*CLIQUE NAS PALAVRAS COLORIDAS (BIOGRAFIA).
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