sábado, 17 de maio de 2025

 

O lugar, no geral, era tão pacato e sereno como poderia ser um vilarejo do interior, quase lembrava uma vila camponesa. No final da tarde, na temporada de verão, os moradores sentavam na frente das casas para conversar e se refrescar um pouco depois do dia de trabalho. E as crianças corriam pelas ruas fazendo brincadeiras até a chegada das primeiras estrelas no céu. Menos eu, é claro. Desde muito cedo tive inclinações estranhas por passar horas sozinho, fazendo minhas próprias brincadeiras, inventando personagens e amigos imaginários. Adorava desenhar seres mágicos e aventuras de heróis, e também tinha uma atração por fazer brincadeiras perto da figueira ao lado de casa. Aquela árvore era o lugar que eu mais gostava, passava a manhã e a tarde por lá fazendo todo tipo de brincadeiras, e às vezes até infantilmente falava com a árvore. Mas à noite era diferente. A figueira se transformava em uma criatura da escuridão, um ser imenso com galhos se retorcendo querendo agarrar o céu e a mim. Imaginava da janela do meu quarto, o tronco velho e retorcido se movendo sutilmente, e na brisa fria da noite pelos galhos e o farfalhar das folhas, eu sentia de alguma forma que a antiga figueira me chamava suavemente em um sussurro, e eu pedia a Deus para não sonhar com ela. 

(Parte III)

Em uma tarde quente de verão, quando estava brincando na figueira encontrei um boneco. Pelas roupas que usava, representava um garoto. Era tosco, feito de pano e costurado de forma desleixada. Estava preenchido com palha, e um pouco de lodo negro estava em cima da parte das pernas. Limpei com algumas folhas e rapidamente fiz o boneco de mais um dos meus personagens. Nessa ocasião estava me divertindo tanto que cheguei a cansar, acabei me encostando na figueira e sem perceber adormeci. No meu sonho o dia estava com o sol se pondo, e a figueira movia os seus galhos como se estivesse buscando sair de onde estava, eu estremeci de medo. Ela me chamava pro interior da floresta juntamente com meu novo amigo boneco de pano. Além do campo aberto havia um caminho na mata que levava para uma trilha que se perdia dentro de onde a luz do sol não chegava, e o escuro abraçava os seres da floresta dentro das suas entranhas. O que haveria mais além? Um pântano? Um cemitério ou um covil de lobisomens? Quem sabe uma casa antiga onde uma velha bruxa preparava um feitiço lendo o seu grimório gasto pelo tempo? Desejei acordar. Quando despertei já era tarde, minha mãe me chamava para o banho antes do jantar. Levantei e fiquei com vontade de voltar no outro dia. Nunca mais eu sonhei com a figueira desde então. Conforme os anos foram passando e eu fui crescendo, abandonei as brincadeiras e a árvore ficou para trás. Ao terminar os estudos, fui morar na cidade dividindo aluguel com um amigo. Comecei uma vida nova longe da vila, da minha mãe, da antiga figueira e da floresta que me chamava. 

CONTINUA...

Graduado em História, o escritor Everton Santos, autor do livro O SOL DOS MALDITOS, é coordenador dos eventos Feira Alternativa e Ensaio de Rua, músico da banda de punk rock Atari e apresentador do canal, no youtube, Consciência Histórica. Mora em Alvorada, RS.

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Conto postado, em 25 de março de 2025, pelo autor, em seu blogue Contos do Horror Cósmico. 
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sexta-feira, 2 de maio de 2025

 

 

No storyboard da minha existência
o esboço ficou imperfeito, pois o fiz
em um momento de euforia sobre a projeção do meu “Eu”.
Deixei-me conduzir 
por caminhos Quixoteanos
e neles os moinhos perfuraram a fina seda do meu corpo
me fazendo sorver incertezas.
Então...
Respirei realidades e sangrei poesias.
 
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Poema PROJEÇÕES IMPERFEITAS do escritor Daniel Machado, Geógrafo da Alma! (Mora em Alvorada, RS).
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TESOURA (Parte Final)

— Bom dia. — Disse.
— Vim devolver a tesoura.
— Ah, tudo bem. Não tinha pressa.
— O pai já usou, não queria abusar.
— Tá certo.
A moça devolveu a tesoura e ficou ali parada no pátio. Depois falou.
— Eu estou de férias, aqui é tão parado.
— Sim, é parado.
 O seu gato é muito bonito.
 É meu companheiro, sabe? Veio pra cá e nunca mais foi embora.
 O senhor sempre morou aqui?
 Sempre.
— E conhece muita história daqui?
Ele pensou um pouco. Conhecia um pouco de tudo, desde fofocas antigas que sua mulher lhe contava, a segredos de amigos há muito mortos e muitas lendas dali e de algumas outras regiões. Contou exatamente isso a menina.
— Que legal! O senhor me conta?
 Conto o que?
 Uma história!
 Mas... você não prefere fazer outra coisa por aí?
 Eu posso..., mas aqui é tão parado. Então... acho que uma ou outra história vai ser algo bom pra passar o tempo.
Ele olhou para a menina, não estava fazendo troça. Levantou com dificuldade, foi até a cozinha, pegou uma outra cadeira e a colocou na varanda um pouco distante da dele. Ofereceu a cadeira à moça. Ela sentou-se.
 Bebe chimarrão?
 Bebo. — Respondeu sorrindo.
 Já ouviu a respeito da dama na caverna? — Perguntou um pouco sem jeito, entregando a cuia à menina.
 É da Salamanca do Jarau?
 Não, essa é outra. Essa que falei é lá de Santa Cruz... um amigo me contou. Falava como se fosse verdade.
 E o que o senhor acha?
 Que é uma história boa, seja verdade ou não.
— Então me conta.
Era início da tarde, dessa vez tinha almoçado, o gato veio, sabe-se lá de onde, como sempre, e pulou no colo da visita. Não estava mais chovendo, o céu ainda estava nublado, mas o sol ensaiava alguns raios de luz aqui e ali. Ele contou a história, ela agradeceu quando terminou e pediu outra. No outro dia, o pai dela veio, e junto deles, o irmão mais novo. Contou outra história, um bêbado da cidade que um dia recuperou o juízo e jurava que tinha domado a mula sem cabeça. Depois, de vez em quando, vinham todos, ele aprendeu seus nomes, eles o dele, o tratavam bem, às vezes almoçavam ou lhe buscavam pra almoçar. Contou muitas histórias, e a menina trouxe um caderno, anotava, anotava. O gato sentava em mais colos, à noite o velho ia dormir pensando que seria bom poder dar mais um bom dia. Nunca abriu a bíblia que tinha na cabeceira da cama, mas achava que se alguma coisa tinha mudado, talvez tivesse a ver com ela. Talvez. Mas, normalmente, pensava que tudo tinha a ver com uma tesoura, e durante o tempo que lhe restou — e foram muitos os “bom dia” que pôde dar - nunca perguntou porque precisaram dela em um dia de chuva.  

 

Ben Schaeffer é escritor, advogado e contador. Natural de Porto Alegre, reside em Alvorada, RS. Ávido leitor, lê vários gêneros, desde livros de ficção científica, de fantasia e de mistério até histórias em quadrinhos. É autor do livro Dan Plaggo Porto das Bruxas e da série Histórias do Reino de Puphantia (O Grande Assalto e Os Fantasmas de Puphantus).  
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Conto, do autor, TESOURA.
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quinta-feira, 24 de abril de 2025

 

TESOURA (Parte II)

 Desculpa ter vindo atrás do senhor. — A menina disse, incerta. Observou o vestido.  Como é bonito! Da sua esposa?
—  Sim... minha filha usou também, bem depois.
 Ah. Posso devolver amanhã? A tesoura.
— Pode.
—  Tá bom.  A moça colocou o casaco sobre a cabeça, correu para fora do galpão e foi embora.
Ficou olhando por um tempo a menina dando pulinhos, escapando de poças d’água, desaparecendo do outro lado da estrada. Voltou a entrada de casa. O chimarrão estava frio, tomou o mate mesmo assim, voltou a cozinha, aqueceu a água, sentou-se. O gato subiu em seu colo. A chuva aumentou, a sensação de abafamento diminuiu um pouco. Um carro passou pela estrada, deu algumas buzinadas, como se o cumprimentasse e logo depois sumiu. Ouviu um barulho alto, parecido com tum. Continuou sentado, acariciando o gato. Outro carro veio de uma das casas, um ou outro morador passou correndo pela estrada. Não se moveu. Já imaginava o que tinha acontecido, torcia apenas que o motorista e quem estivesse junto não tivesse se machucado muito. Dormiu, o som indistinto de pessoas falando se misturou.
Estava tarde, não tinha mais o gato no colo, estava sozinho. Tinha esfriado, levantou-se da cadeira com dificuldade. Só quando acordou se perguntou porque precisavam de uma tesoura de poda com aquele mal tempo reinante. Depois foi ao banheiro, precisava tomar algo pra dor. Antes, muitos anos antes, teria ouvido reprimendas por se deixar demorar tanto para tomar algum remédio. Ele esquecia, tolerava a dor, era isso. Não, você tem que se cuidar, como vai deixar ficar desse jeito, parece que manca. Vai me deixar cedo assim. Com pesar, lembrou que ela se foi muito tempo antes dele. Vivia indo ao médico, tinha uma saúde de ferro, dizia, mas então certa noite disse boa noite e não mais disse bom dia. Não pensava nisso com desdém, era o contrário. Achava injusto estar ali sozinho.
A filha... a custo tirou a lembrança que era como uma única rosa no centro de um espinheiro. Doía muito lembrar dela. Tão bonita, tão feliz. Não quero lembrar, não vou. O quadril doeu quando andou pela casa, ficou feliz por isso, já que tinha no que se focar. Tomou o remédio, o gato, retornado sabe-se lá de onde, deu voltas ao redor de suas pernas. Com esforço se abaixou, acariciou o pelo macio, agradeceu a Deus pela companhia. Foi ao quarto, tinha uma bíblia no criado mudo. Olhou um pouco para o livro, tão sagrado para alguns, nem tanto para ele. Deixou onde estava. Tinha uma grossa camada de poeira. Todo dia olhava para o livro, todo dia o deixava onde estava.
Estava frio em pleno verão, o sol estava escondido pelas nuvens, encabulado demais para se apresentar em um dia chuvoso, ninguém vai casar hoje, nem viúvas, nem espanhóis. Não riu da piada boba, apenas voltou a cadeira, depois de esquentar mais uma chaleira de água e fazer um novo chimarrão. O remédio tinha ajudado, a dor era mais suave, mas agora lembrava que não tinha almoçado, já era tarde, quase perto da seis, ainda que durante todo o dia tivesse parecido assim, sombrio, como se a noite ameaçasse chegar muito mais cedo. Era seu relógio interno que dizia sem precisar olhar as horas, que lhe acordava antes das cinco, que lhe dizia quando anoitecia. A pergunta que vinha se fazendo era para que? Não trabalhava mais, não tinha mais esposa, nem filha, nem neto, nem genro, todos se foram. Ficou apenas ela, sem mais almoços em família, sem ninguém com quem conversar, talvez a exceção de quem precisasse de uma tesoura de poda em um dia de chuva, mas senão... mais ninguém. Não lembrava da última vez que tinha feito um churrasco, os amigos de infância moravam todos no mesmo endereço agora. Sobrara ele, sozinho, sentado na frente de casa com a camisa social branca de tecido puído, as calças de linho curtas demais e suas alpargatas gastas.
Tomou o chimarrão sozinho, ensimesmado, levou um susto quando o gato pulou em seu colo. Tinha passado muito tempo e ele devia ter cochilado. Continuava chovendo, continuava esfriando e ele continuava sozinho. O gato o contrariou, lambeu seus dedos e depois se aninhou em seu colo. Não tão sozinho. Não vou levantar agora, gato, só pra você dormir um pouco. É bom você continuar por aqui. Prometo que te dou algum lanche gostoso amanhã.
Mais tarde, quando o gato saiu para o pátio e ele se perguntou o que ele iria querer fazer na rua com aquele tempo, foi para a cama, trocou a roupa, pôs um pijama que sua falecida lhe havia feito. Era tão velho e puído quanto as outras roupas, mas ela tinha feito e ele não conseguia se desfazer. Sentou na beira da cama, já era noite, já estava tarde, já estava cansado, já se perguntava se seria essa a noite, aquela em que não daria mais nenhum bom dia.
Não foi.
O dia seguinte, o mesmo ritual, as mesmas dores, o mesmo levantar devagar, a mesma cadeira. Ficou na frente de casa, com os olhos fechados, sentado na cadeira confortável.
—  Oi!
Levou um susto. Era a mesma menina do dia anterior. Não chovia e ela estava com a tesoura.

 (Continua...)


Ben Schaeffer é escritor, advogado e contador. Natural de Porto Alegre, reside em Alvorada, RS. Ávido leitor, lê vários gêneros, desde livros de ficção científica, de fantasia e de mistério até histórias em quadrinhos. É autor do livro Dan Plaggo Porto das Bruxas e da série Histórias do Reino de Puphantia (O Grande Assalto e Os Fantasmas de Puphantus).  
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Conto, do autor, TESOURA.
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sexta-feira, 11 de abril de 2025

II Feira Literária Independente 
ocorre neste final de semana
Clique aqui para ler a reportagem na íntegra. 

terça-feira, 8 de abril de 2025


 ALVORADA: NOSSA TRADIÇÃO LITERÁRIA

Olá, amigos!
Alvorada é terra de escritores! Poetas, prosadores, ensaístas, compositores, cartunistas. Alguns ainda anônimos, outros já reconhecidos. Nomeio alguns, muitos ficarão de fora. Que os comentários ajudem a recolocar as coisas em ordem e sejam todos lembrados.
José Portela Delavi e Gildo de Freitas foram grandes compositores e trovadores que chegaram aqui ainda no tempo do Passo do Feijó, no auge de sua produção artística. Artur Madruga, escritor, professor e artista plástico, lançou em 2022 seu último título no Brasil, Portugal, Angola e Cabo Verde. Sérgio Vieira Brandão, com dezenas de obras publicadas, alcança todos os públicos. De sua oficina para escritores surgiu o Clube dos Escritores de Alvorada, há 25 anos em atividade. Do Clube, destaco Ricardo Pôrto e Anderson Vicente, com suas narrativas misteriosas em cenários alvoradenses. A ficção/aventura/terror/fantástico, aliás, move muitos jovens autores independentes, como Sérgio Pires, Davenir Viganon, Eduardo Alós e Diego Borella.
Na literatura em quadrinhos, o Coletivo Alvoradense de Quadrinhos tem publicado obras regularmente. Denilson Reis, do CAQ, mantém ativo o fanzine Tchê há mais de 35 anos. Já o Pablito Aguiar é um sucesso nacional com suas entrevistas transformadas em HQs.
Um grupo de contistas e poetas negros têm organizado coletâneas que trazem com muita contundência os temas da identidade e do cotidiano. Entre eles, a Karin Santiago, Cristina Ribeiro, Daniel Machado e Rodrigo Machado. Ainda com foco na identidade afro-alvoradense, a pesquisadora Tainã Rosa vem produzindo material visual e textual de alto valor cultural e pedagógico.
A educadora Simone Soares, o filósofo e músico Everton Santos, e o militar da reserva Damião Oliveira imprimem em suas obras muito de suas experiências pessoais. A questão da mulher, a filosofia e o humanismo estão ali presentes.
Encerro com o poeta José Cezar Matesich Pinto, que nos deixou importante obra poética, sobretudo na música nativista.
Alguns destes autores, entre outros, estarão na II Feira Literária Independente de Alvorada, nos dias 12 e 13 de abril. Aparece!
Abraços!

O escritor Fabiano Soria Vaz mora em Alvorada, RS, é professor e pesquisador. Escreveu artigos para o livro RAÍZES DE ALVORADA e o site A Trincheira: a História em debate em Alvorada. Autor de O PIONEIRO DO PASSO DO FEIJÓ, conto da coletânea CONTOS DE ALVORADA, do Clube dos Escritores de Alvorada (dizedoria@gmail.com).
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Crônica, do dia 07 de abril, postada pelo autor na página do Portal Alvoradense, no facebook.
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domingo, 6 de abril de 2025

 

A PRISÃO DA MENTE (Capítulo I - Parte II)

Clara o imaginou em uma pintura sem camisa, cabelos um pouco mais longos para ressaltar seus traços faciais.  Os olhos castanhos pareciam hipnotizar e capturar a atenção de todos por causa do brilho astuto e penetrante, capazes de demonstrar charme, mas também ocultar intenções, como ela descobriria mais tarde.
Ele notou que ela analisava e observava todos os detalhes do seu corpo, cabelos e rosto. Victor possuía um rosto bem definido, com maxilares marcantes que dão a ele uma aparência atraente como os deuses gregos dos quadros que ela admirava.
Sua pele suave, bem cuidada, levemente bronzeada, sugerindo muitas horas ao ar livre. Apresentou seu melhor sorriso cativante e enigmático, com lábios bem desenhados que se curvam em um sorriso sedutor, ou endurecer em um sorriso irônico, como ela descobriria tarde demais.
Estava vestido impecavelmente com uma camisa de botão bem ajustada, calças elegantes e sapatos de couro preto. No pulso um relógio elegante de alta qualidade, indicando um gosto por coisas que expressam status e ostentação.
Victor se movimentou graciosamente com gestos fluidos e seguros, sorriu de uma maneira sedutora e a tocou e esse toque exalou nela uma sensação de confiança acolhedora.
"E você? Qual sua história? O que a levou a um lugar tão inspirador?" Perguntou Victor, fingindo não a conhecer enquanto seu sorriso se ampliava de forma quase natural, mas friamente calculado, como se estivesse jogando suas cartas em um jogo em que já conhecia as jogadas.
Enquanto Clara tentava formular uma resposta, uma parte dela se sentia atraída pelo homem, enquanto a parte racional perguntava como escapar daquela situação. Naquele instante, em meio a risos e conversas, o que era para ser uma noite de arte e conexões, se tornava a linha tênue entre a atração e a manipulação, e Clara estava prestes a ser puxada para dentro da teia da ilusão.
Clara não notou o exato momento em que a magia se desfez, e quando como ela fala mais tarde, quando seu espírito voltou ao corpo, Victor havia assumido uma postura ereta e profissional com seu bloco e caneta, deu início a série de perguntas. Deixando bem óbvio, para a confusa Clara que era um profissional e estava ali a trabalho. Ela sentiu vergonha dos sentimentos que ele despertou em seu corpo e respirou fundo para disfarçar a atração que sentia por aquele homem sedutor.
Para ela só restava responder as perguntas, sorte que decorou suas falas, caso contrário, não encontraria as palavras. Foi fotografada dezenas de vezes em várias posições que ela considerou desnecessárias, mas não perguntou.
No outro dia a entrevista no jornal era uma sucessão de elogios a ela dirigidas, e foram acrescentadas falas que ela não proferiu, e suprimidas suas falas reais, mais uma vez ela não questionou, afinal, tinha a chance de ser famosa.
As imagens estavam lindas e a retratam como uma profissional. E, ela se viu em um mar de felicidade. Suas pinturas demonstraram, um mundo alegre e colorido, em apenas dois dias pintou quadros suficientes para sua próxima exposição.
Foi quando ela se deu conta que estava interessada por aquele repórter sedutor e charmoso. Com certeza não o veria novamente, mas estava feliz porque ele por alguns dias foi sua inspiração e lhe rendeu alguns quadros vendidos e uma nova exposição, para a qual foi convidada. 

 (Continua...)


A escritora Ironi Jaeger é coordenadora do Festival de Literatura e Artes Literárias (FLAL). Mora em Alvorada, RS.
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Trecho do romance A PRISÃO DA MENTE, postado em 07 de março de 2025, pela autora, em sua página no wattpad. 
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Clique aqui e leia o romance na íntegra.

sábado, 5 de abril de 2025

  

 

Ah! Que vontade de escrever novamente. 
Hei! Volte aqui! Não me deixe sem inspiração.
Tarde demais, já se foi...
Era apenas o reflexo de um beija-flor imaginário,
que às vezes insiste em pousar no meu peito.
 
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Poema PÁSSARO IMAGINÁRIO do escritor Daniel Machado, Geógrafo da Alma! (Mora em Alvorada, RS).
*CLIQUE NAS PALAVRAS COLORIDAS (TÍTULO E BIOGRAFIA).

  

 RECADO PARA A SEMANA


Bem-vindo,  
Bem-vivido,  
Bem-aventurado,  
Bem-recheado.  

Que não nos faltem sorrisos,  
Lutas e determinação para alcançar nossos objetivos.  
Que não nos faltem sonhos,  
Amor e fé para compartilhar.  

O percurso ocorre ao longo do tempo,  
A cada segundo, a cada minuto, a cada hora,  
Que nos ensina.  

Viva o hoje, viva o momento,  
E viva a vida.

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Poema RECADO PARA A SEMANA, da escritora Simone Soares. Educadora popular e embaixadora da Editora Plena Voz, a autora reside em Alvorada, RS, e, desde 2024, organiza, junto com artistas, apoiadores e escritores, a Feira Literária Independente em Alvorada.
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